O parque de diversões mais famoso da história de São Paulo foi, sem sombra de dúvidas, o PlayCenter. E sua trajetória começa quando um grupo de jovens empresários, entre eles o boliviano Marcelo Gutglas, constatou que toda grande cidade do mundo tinha um parque de diversões por perto.

Com essa mentalidade, inauguraram em 27 de julho de 1973, uma diversão totalmente diferente para a população da cidade com mais de 20 atrações, entre elas: brinquedos giratórios, teleférico, splash, o famoso Labirinto de Espelhos e a Super Jet, a primeira montanha-russa do país, instalados numa área de 50 mil metros quadrados.

Playcenter em obras no ano de 1973.
Playcenter em obras no ano de 1973.

O empreendimento pioneiro logo se tornou cartão postal da cidade. No ano de sua inauguração, o PlayCenter realizou a primeira edição do Dia Especial (dia em que o parque abria exclusivamente para cerca de 5 mil visitantes portadores de deficiência física, mental ou sensorial). Em 1975 foi criado o ingresso Passaporte da Alegria, que dava direito a usufruir dos brinquedos (exceto os pagos à parte).

Boneco do King Kong, usado no filme, foi trazido ao Parque do Playcenter, em 1979.
Boneco do King Kong, usado no filme, foi trazido ao Parque do Playcenter, em 1979.

Com o passar do tempo o parque foi se tornando cada vez mais famoso ao lançar novos brinquedos. A modernidade era a bandeira do Playcenter e atrações como a montanha-russa Tornado, lançada em 1982, e a promoção de grandes eventos foram cruciais para o desenvolvimento do empreendimento.

Na imagem, homens constroem base de embarque e desembarque para o teleférico, uma das principais atrações do Playcenter na década de 80
Na imagem, homens constroem base de embarque e desembarque para o teleférico, uma das principais atrações do Playcenter na década de 80

A área do parque foi ampliada para abrigar novas atrações e oferecer mais conforto e serviços aos visitantes como o Orca Show, um espetáculo de acrobacias de golfinhos (inclusive Flipper, o famoso golfinho do seriado de TV) e baleias em um tanque (1983 a 1989), e o Show dos Ursos, em que atores vestidos de ursos cantavam e dançavam. No final da década de 80, foi realizada a primeira edição das Noites do Terror, que se transformaria no evento mais rentável do parque.

Além do evento das “Noites do Terror”, o Playcenter ainda teve grandes novidades na década de 90, como o Playciência, criado em 1997, sendo um programa pioneiro na aplicação do conceito de “edutainment” (união dos termos educação e entretenimento em inglês) na América Latina.

Casa do Monstro - PlayCenter
Casa do Monstro – PlayCenter

Nessa época, a GP Participações, que detinha 50% das ações do empreendimento, assumiu o controle da empresa. Apesar da aposta, o setor de parques de diversões como um todo decepcionou investidores nos anos seguintes, principalmente por conta da forte desvalorização do Real em 1999. E o Playcenter estava no meio da crise. A controladora decidiu, em 2002, vender o empreendimento, e Gutglas, que estava afastado desde 1997, retomou a direção com o objetivo de revitalizar o parque, que não recebia investimentos desde 1998.

Sua estratégia envolveu corte de custos, ampliação de eventos e mudança de foco do público dos adolescentes para a família, além da compra de novos brinquedos. No segundo semestre, o Playcenter iniciou um projeto de revitalização para oferecer ainda mais conforto, segurança e atratividade.

Foram investidos R$ 5 milhões na implantação de mais uma atração para toda a família, na recuperação da área física, na renovação das instalações elétricas e hidráulicas. O início de 2003 foi marcado pela inauguração do Waimea, o brinquedo de maior sucesso nos parques da Europa e dos Estados Unidos, no qual toda a família pode se refrescar com um splash de água que atinge cerca de 5 metros de altura depois que o barco faz um calmo percurso na água.

Registro do PlayCenter na década de 70
Registro do PlayCenter na década de 70

Além disso, o parque diversificou suas atrações, oferecendo mais opções para pais que vêm para o parque brincar com seus filhos. Em 2005, o parque enfrentou uma nova perda: parte de sua área teve de ser cedida à prefeitura como pagamento de dívidas. O espaço, que chegou a ser de 110 mil m² nos tempos áureos, chegou a 85 mil m².

Em 19 de março de 2012, a notícia de que o Playcenter encerraria suas atividades no dia 29 de julho do mesmo ano chocou a muitos de seus frequentadores. A direção do parque informou que haveria uma reformulação e seria construído um parque infantil no local com atrações temáticas, educativas e interativas.

Ao contrário do proposto, o novo modelo de parque não chegou a reabrir. Ao longo de seus 39 anos de atividade, o Playcenter recebeu mais de 60 milhões de visitantes que de alguma forma guardam uma lembrança especial do parque.

Referências: http://mundodasmarcas.blogspot.com.br/2006/05/playcenter-adrenalina-da-diverso.html

http://www.saopaulo.com.br/playcenter-historia-da-diversao-paulistana/

21 Comments

  1. Recordo com simpatia o dia que representamos o prefeito José Carlos de Figueiredo Ferraz -1972 –
    no ato de lançamento da pedra fundamental do Playcenter, manhã de sábado,garoa fina, com a participação de centenas de estudantes adolescentes do sul do país. Uma iniciativa gloriosa de um imigrante sonhador que amou São Paulo à primeira vista e alegrou a vida de milhões de brasileiros e estrangeiros que desfrutaram de suas emocionantes atrações por décadas.

    Amigo Marcelo Gutglas, transmito-lhe um fraternal ” Shalon ” para onde estiver no caminho das estrelas.

    Ney de Araripe Sucupira
    Assessor Técnico de Relações Públicas
    Secretaria do Turismo e Fomento da Prefeitura da Cidade de São Paulo

    1. Olá Sr Ney
      Trabalhei no Play Center no período de 2000 a 2007 como Coordenador de Eventos e fiz 08 edições das Noites do Terror entre outros eventos sob a batuta de Laura Rocha Gerente de Marketing.
      Tive muito orgulho de estar com um time incansável e dedicado, pois foi uma época em que as dificuldades eram grandes.
      Ótima sua matéria.
      Fica um abraço
      Respeitosamente
      Milton

  2. O PlayCenter começou nas proximidades do Ginásio do Ibirapuera, onde fui algumas vezes, inclusive na montanha russa. Depois é que mudou-se para a Marginal Tietê.

  3. Lembro do carimbo no braço que ficava por dias, não sei se era porque não saia mesmo ou se a gente não tirava só para dizer que tinha ido ao Playcenter. Boas lembranças.

    1. Paula digo o mesmo , Tempos Inesquecíveis , trabalhei de Segurança no Playcenter 88a91 anos maravilhosos chega da vontade de chorar só de lembrar .

  4. MEU DEUS QUANTA SAUDADE , TRABALHEI NESSE PARQUE DE SEGURANÇA EM 88 A 91 , QUANTAS AMIZADES FIS NESSE PARQUE , SAUDADESSSSS…..

  5. Passei a minha infância inteira nesse parque. É um misto de saudade, de alegria, de nostalgia e ao mesmo tempo, um misto de dor, por saber que nunca mais irei visitá-lo. Esse ano, vi uma matéria em um canal do Youtube, chamado “Nerd Show”, e lá, eles contam toda a história do Playcenter. É emocionante de ver, de relembrar… Chorei horrores! Eu não dormia a noite toda, quando sabia que ia no Playcenter no dia seguinte, era mágico! Tive a honra de estar lá, no último dia de funcionamento do parque… nem preciso dizer como me senti, foi como se um pedaço da minha infância, estivesse sendo destruído!

    Sinto muita saudade, e ali eu realmente eu passei um dos melhores tempos da minha vida!

  6. olá, este boneco foi feito pelo diretor de arte do parque da época, Nifon Loucas, foi feito no bairro do Imirim, na ZN de SP. Uma atração feita no brasil e idealizada pelo artista plastico.

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