O ano de 1918 foi de extremo frio para a cidade e o estado de SP. O mês de junho, inclusive, entrou para a história por uma grande lenda urbana da nossa cidade. No dia 25 de junho daquele ano “nevou” em São Paulo. Segundo registros, José Nunes Belford Mattos, um dos pioneiros da meteorologia brasileira registrou que São Paulo estava com “neve” em sua caderneta de observações. A estação meteorológica que ele trabalhava, que ficava na Avenida Paulista, ficou envolta em uma forte neblina quando teria nevado em SP.

O que teria acontecido naquele dia foi um fenômeno climático bem comum: o nevoeiro, ao chegar no chão e encontra-lo bem frio, acabou sublimando, ou seja, passando direto do estado gasoso para o sólido.  O que se pode dizer, claro, é que geou naquele dia. As anotações da caderneta abaixo, que possui registros oficiais das condições do tempo naquele dia, mostram que não haviam nuvens em SP e, sem nuvens, não há como nevar em nenhum lugar do mundo.

Caderneta meteorológica de 25 de junho de 1918: não nevou em SP!

O Estado de São Paulo, em um registro histórico bem legal, chega a firmar que “a temperatura chegou a -3ºC na capital. Não foi neve como se costuma a dizer, mas geada. Nas várzeas do Tietê, perto da Ponte Grande, o gelo acumulado chegou a três centímetros.  No bairro das Perdizes, a “50 metros acima da várzea do Tietê, a geada produziu uma camada de um centímetro de grossura”.

E o registro do jornal segue até o dia 26 quando: “Todos os depósitos de água expostos ao ar amanheceram congelados”. Do fundo de um dos lanchões encostados na Ponte Grande, “foi retirado um grande bloco de gelo sobre o qual puderam sapatear várias pessoas, tal era a resistência”.

Referências: https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2016/06/1783228-sp-teve-neve-de-mentira-em-manha-fria-de-1918-caso-virou-folclore-local.shtml

https://acervo.estadao.com.br/noticias/acervo,sao-paulo-congelou-em-1918,9168,0.htm

https://www.climatempo.com.br/noticia/2018/06/24/o-dia-em-que-a-34-nevoua-34-em-sao-paulo-2083

9 Comments

    1. Corrigindo o comentário do nosso companheiro Flavio Francelino Ferreira, o primeiro prédio a ser erguido em SP, nao foi o Edifício Martinelli, mas sim o Edifício Sampaio Moreira, sendo o primeiro arranha céus de SP, tendo na época só 12 andares. Isso nos anos de 1920 e sendo inaugurado em 1924.

      1. Havia outros anteriormente. Poderíamos destacar o Guinle, inaugurado 2 vezes em 1913 e 1916, com 7 andares, 1º edifício com a tecnologia de concreto armado (ou cimento armado, conforme consta) e gerou polêmica técnica ao ter o alvará analisado. Os palacetes Prates deveriam ter a partir do Anhangabaú 6 andares, isso em 1915. Em 1924 ficou pronto o Sampaio Moreira, com seus 12 andares. Quanto a neve, existem registros em mais de uma vez em Campos do Jordão, no estado de São Paulo, no século passado. Nos anos 2000 nevou do lado de Curitiba, em Araucária.

  1. No Brasil faz – todos os invernos – frio mais do que suficiente para nevar em todos os estados do Sul, mais São Paulo e na Mantiqueira mineira e fluminense.

    Com 3ºC positivos no solo pode haver precipitação de neve tranquilamente (dado que em altas altitudes, onde estão as nuvens, estará muito mais frio). Na Grande S. Paulo, 3ºC é trivial entre maio e setembro, portanto poderia nevar todos os anos.

    Mas não neva.

    O que torna a neve rara em todo o Centro-Sul brasileiro é a incompatibilidade por aqui do frio mais forte com a chuva. Porque o coração das massas de ar polar (local de máximo frio) é extremamente seco. E são elas que trazem o frio forte a esta região da América do Sul.

    Enquanto reina a umidade, o frio permanece mediano (entre 15ºC e 10ºC), apesar da sensação térmica em nós, mamíferos de sangue quente, ser de congelar. Nesta parte do mundo só esfria mesmo quando o ar resseca. Daí a geada ser muito comum em todas as áreas que citei acima.

    Apenas nas terras altas do Sul é possível, pouquíssimas vezes ao ano, haver frio intenso na fase úmida que precede ao ressecamento, daí resultando as poucas nevadas que a TV anuncia.

    Se em 1918, em SP, houve névoa com -3ºC, tivemos possivelmente sincelo, com as árvores e fios cobertos de gelo muito branco, que lembra mais a neve que a simples geada. Daí a confusão.

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