Uma das bibliotecas mais antigas do Brasil e a mais antiga de São Paulo está no centro da nossa cidade, em um local histórico para a metrópole. Trata-se da coleção de livros do Mosteiro de São Bento.

Conservada em salas imensas no segundo andar do histórico edifício, os títulos estão disponíveis para a consulta dos monges, que possuem o hábito da leitura como um de seus deveres diários. Os alunos da Faculdade São Bento também podem consultar os exemplares.

Em uma matéria do Uol, o portal descobriu que existem mais de 115 mil livros que são juntados desde 1598, quando os primeiros monges começaram a trabalhar com essa biblioteca.

Com o passar do tempo e a chegada de novos livros, a biblioteca passou a ocupar também um espaço que antes servia de dormitório aos monges. Os alunos da faculdade têm à disposição uma antessala com mesas e computadores, onde podem consultar as obras trazidas pelos poucos funcionários da biblioteca.  O espaço conta com 581 títulos publicados entre os séculos 15 e 18, joias raras da coleção.

Entre os livros raros da instituição, vale destacar a edição de 1676 da Steganographia, do monge Johannis Trithemius, que aparecia no índex de leituras proibidas pela Igreja Católica. O mais antigo do acervo, um incunábulo de 1496, traz o Novo Testamento em quatro volumes.

Há ainda um exemplar romeno de 1500 com a coleção de sermões de Pelbarti de Themefwar e, também, uma bíblia em alemão de Lutero, de 1656, a enciclopédia “História Natural do Brasil”, de 1658, os tratados de Aristóteles, de 1607, e um antifonal – base para o canto gregoriano – de 1715. Os exemplares, impressos em latim, grego e alemão, estão bastante conservados também pela alta qualidade do papel usado na época.

Os primeiros registros dessa história biblioteca são de 1750, quando aquisições começam a aparecer em atas dos capítulos – nome dado às reuniões internas dos monges. Eram obras vindas da Europa, principalmente do antigo (hoje desativado) Mosteiro de São Martinho de Tibães, em Braga, Portugal.

Na época, entre os beneditinos estava Frei Gaspar da Madre de Deus, considerado um dos primeiros historiadores de São Paulo. Uma imagem dele sentado à frente do abade e tendo ao fundo uma estante de livros, está na biblioteca.

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Frei Gaspar da Madre de Deus sentado à frente do abade e tendo ao fundo uma estante de livros

Curiosidade: No ano de 2007, quando o Papa Bento XVI esteve no Brasil e se hospedou no Mosteiro de São Bento, ele teve à disposição, em seu quarto, 30 livros selecionados dentro da biblioteca da instituição. O acervo foi pensado como uma miscelânea de obras religiosas, culturais, artísticas, literárias e históricas. A maioria procurava mostrar ao líder católico um pouco do panorama brasileiro.

Bento 16 pôde ler, por exemplo, os sermões completos de Padre Antônio Vieira em alemão. Ou se divertir com a prosa de Machado de Assis, com Dom Casmurro e Memórias Póstumas de Brás Cubas.

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