Apesar de ser uma das cidades mais importantes da América Latina e um centro comercial fundamental para o funcionamento do país, São Paulo quase teve seu “posto” de capital perdido para Brotas. No dia 17 de setembro de 1979, uma manchete no Jornal da Tarde estampava o seguinte: “A orgulhosa Brotas não tem dúvidas: será a capital”.

Na época, essa cidade possuía 8.400 habitantes na sua área urbana e 5.600 mil na zona rural. Uma pequena cidade que estaria destinada a sediar um empreendimento ousado e bastante polêmico do governo do estado, até então chefiado por Paulo Maluf.

Para compreender esse processo de mudança, é preciso voltar no tempo e entrar, ainda que de leve, na política da época. Nesse ano, 1979, existiam dois partidos que comandavam a políticia nacional: o Arena (Aliança Renovadora Nacional) e o MDB (Movimento Democrático Brasileiro). Para esse assunto específico, o MDB havia fechado a questão contra a mudança, decidindo barrar o projeto.

O governador, o já citado Maluf, esperava uma reestruturação partidária no país e, assim que ela ocorresse, enviaria o texto para a Assembleia, onde acreditava que teria força o suficiente para aprovar a ideia. Entre as justificativas, para essa mudança, estava a de que São Paulo estava saturada e não tinha mais para onde crescer e se desenvolver.

Brotas Capital

A população da cidade, que fica a 250 km de SP, discutia se seria boa ou ruim essa mudança. Alguns acreditavam em desenvolvimento, outros duvidavam que a região comportasse toda a estrutura de uma megalópole. O principal receio era o de perder a tranquilidade que a pequena cidade oferecia aos seus moradores.

O prefeito da época, Lorival Joubert da Silva Braga (ARENA), não conseguia mais esconder seu entusiasmo com a possibilidade. Ele sempre tinha bons argumentos favoráveis a mudança, rebatendo os críticos à ideia. Entre seus principais discursos, vale o destaque:

“A mudança será benéfica para os dois lados: para o interior, a capital servirá como polo de desenvolvimento e São Paulo ficará mais desafogada, sem deixar de ser uma grande metrópole. Dizem que com os municípios vizinhos poderá ocorrer a mesma coisa que houve com as cidades satélites de Brasília: um centro de atração para favelados. Acho que não, pois com o planejamento e os cuidados que a comissão (Celcap) está tomando, irá ocorrer um desenvolvimento harmônico.

Além disso, como na área onde foi construído Brasilia não havia nada, foi preciso levar material e mão-de-obra para lá. Isso não se dará aqui. Por Brotas estar no centro de cinco cidades, o governo estadual terá mais facilidade em encontrar o material necessário para a construção da Capital, e mão de obra é o que não falta na região. Muitos prefeitos da região que tinham dúvidas quanto às vantagens, agora são os maiores defensores do projeto que, pelo que se sente, é uma beleza, se for aplicado da maneira como foi estudado. O povo fala que a capital trará marginais, que acabarão com o nosso sossego. Nós não queremos sossego, queremos progresso; mas se vierem marginais, virá polícia”.

Com o passar do tempo, a discussão foi ganhando novos rumos e, no jornal o Estado de S. Paulo do dia 27 de novembro de 1979, já era possível ver artigos e notas de repúdio à ideia, condenando a maneira de trabalhar da Celcap, alegando que macro regiões foram acrescentadas sem critério e que as decisões eram tomadas sem critério algum. Fato é que, para nossa sorte ou não, a ideia não foi para frente.

Fontes: Jornais o Estado de São Paulo dos dias: 12 de setembro de 1979, 27 de novembro de 1979, 3 de setembro de 1978 e 1 de março de 1980,

11 Comments

  1. Cheguei pra ler o texto tentando encontrar a justificativa para essa mudança e não encontrei.
    Faltou explicar o motivo da possível mudança né? Qual era o empreendimento do Paulo Maluf que levou ele a cogitar essa ideia?

    1. A pergunta é imbecil, mas eu te ajudo com ela. Já visitou São Paulo? tem uma vaga noção de como é um inferno de 12 milhões de habitantes amontoados? basta não sofrer de retardo mental profundo para entender as razões pelas quais um governador propõe transferir a capital de um estado de uma cidade saturada e inviável para um espaço longe do caos e com margem para expansão. Pensa, amigo, tenho fé de que você conseguir entender.

  2. Esse débil mental além de se enriquecer com o dinheiro público torrou bilhões com a nova capital e a petropaulo procurando petróleo no interior do estado de São Paulo. Ladrão débil mental não precisa de motivo…

    1. A sua infrutífura busca de petróleo pela PetroPaulo deixou apenas um resultado positivo: o famoso Poço de Lins que proporcionou farta quantidade de água àquele município. Depois disso muitos outros municípios necessitados de água solicitavam que a Petropaulo fosse procurar petróleo em seu territórios.

      1. Não é verdade, sua anta. O aquífero guarani e o petróleo da Bacia de Santos também foram descobertos nas prospecções da paulipetro. Ao invés de dizer que teve”apenas um resultado positivo”, o correto seria dizer, “eu conheço apenas um resultado positivo”. Antes de dar palpite, estude.

    2. Débil mental é você. O “bilhões com a nova capital” devem ter sido gastos no empreendimento para o público adulto que a sua mamãe comandava.

    3. Onde foram gastos bilhões seu vagabundo? caluniador de merda. E, além de tudo, analfabeto, a paulipetro encontrou petróleo na bacia de santos ( aquela mesmo que a petrobrás confirmaria 3 décadas depois como a maior reserva que eu brasil já entrou) fora os reservatórios de água que hoje são essenciais para o interior do estado. Vai estudar, boçal recalcado.

  3. Ele ( Paulo Maluf ) queria entrar pra história de SP, assim como Juscelino entrou na do Brasil. Como o governador que mudou a capital. E de quebra colocar mais alguns trocados no se bolso.

  4. Artigo muito bom que explica o porquê…

    http://anpur.org.br/xviienanpur/principal/publicacoes/XVII.ENANPUR_Anais/ST_Sessoes_Tematicas/ST%207/ST%207.2/ST%207.2-02.pdf

    “Em 1º de setembro de 1978, quando o engenheiro Paulo Salim Maluf assumiu o governo do estado de São Paulo – como partidário da Aliança Renovadora Nacional, ARENA, partido representativo dos interesses militares durante o regime ditatorial de 1964 a 1985, apresentou como uma de suas principais metas a transferência da capital para o interior como tentativa de descongestionar a metrópole de São Paulo, à época com 12 milhões de habitantes (Maluf, 2016). A estratégia era remover as funções administrativas para uma região a oeste, distante da costa, entre as cidades de Marília e Assis, atraindo de 1 a 3 milhões de habitantes. Além do caráter administrativo, com edificações em estilo colonial, em tijolo à vista, a cidade sediaria uma filial do Massachusetts Institute of Technology (MIT), no intuito de agregar à função dominante o caráter de cidade universitária…”

  5. OK bela Matéria , nada a contestar apenas aplaudir , o que o Grande Engenheiro não conseguiu na época , hoje 35 anos se passaram quase uma realidade face a Força de trabalho INDUSTRIAS que se mudaram procuraram novos horizontes descongestionando o sistema e criando um novo viver saudável ……. São Paulo Capital uma ilusão onde tudo se torna confuso , corrupto , desigual , violento , onde dias mais dias menos o CAOS será certo principalmente …AGUA……….

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