Uma curiosidade de São Paulo que passa despercebida por parte dos nosso cidadãos fica por conta da história automobilística do nosso país. E a nossa querida cidade possui uma importância fundamental para a indústria que conhecemos hoje.

Foi no bairro do Ipiranga, em uma área de 87.114 m², que foi instalada a fábrica da Vemag S/A – Veículos e Máquinas Agrícolas. Fundada em 1955 (e instalando sua unidade fabril em 1956) essa empresa foi a responsável por lançar a perua DKW Vemag, uma cópia do modelo alemão DKW fabricado pelo grupo Auto Union. Seu lema era: “BRASILEIROS PRODUZINDO VEÍCULOS PARA O BRASIL”, fato que se mostraria verdadeiro até o fechamento da DKW.

A empresa começara suas atividades em 1945, ainda como Distribuidora de Automóveis Studebaker, sendo a responsável por montar e distribuir veículos das marcas Studebaker, Massey Harris, Scania Vabis, Kenworths e Ferguson.

Visando conquistar uma faixa maior do mercado, a Vemag conseguiu se tornar acionista de várias firmas que representava, como a Massey Fergusson, que fazia tratores, e a Scania Vabis, a grande fabricante de caminhões.

No ano de 1958, após algum tempo sem novidades, a empresa lançou o Belcar, o primeiro automóvel da chamada linha “Vemaguet”. Na sequência, dessa vez na unidade fabril de Brasília, veio o “Candango”, jipe batizado em homenagem aos nordestinos, mas que não atingiu o sucesso esperado. Vale dizer que, até 1959, os Vemag eram equipados com um motor de três cilindros e de dois tempos e, esses modelos, foram os únicos carros do gênero fabricados no Brasil.

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A marca ainda seria pioneira em outro sentido: seus veículos foram os primeiros carros brasileiros a receber a chamada sincronização nas quatro marchas, no ano de 1960. Os carros da linha Vemag consumiam entre 8,3 e 9,1 quilômetros por litro e chegavam à velocidade máxima de 122km/h. A Vemaguet, mais pesada e, por isso, menos rápida, tinha um acelerador de dois estágios.

Em 1964 a fábrica lançou uma nova série que era conhecida por “1001”. Novas maçanetas, novo sistema de abertura de portas, painel estofado, revestimento de porta-malas e outras modificações caracterizavam a nova linha.

No ano seguinte, a linha Vemag passou por alterações. A empresa lançou a série Rio, em homenagem ao IV Centenário da cidade do Rio de Janeiro. Além de outras modificações, os limpadores de para-brisa passaram a ficar no lado direito do motorista, melhorando a visibilidade.

A absorção do grupo Auto Union (compreendendo as marcas Audi e DKW) pela Volkswagen, em 1965, só trouxe consequência para o Brasil em 1967, quando a Volkswagen brasileira assumiu o controle da Vemag e suspendeu definitivamente a produção dos veículos daquela fábrica. Estima-se que, no ano em que encerrou as atividades, a empresa tinha cerca de 3.500 funcionários.

Essas são as duas últimas unidades produzidas: um Belcar e uma Vemaguet, que apagaram as luzes da fábrica DKW-Vemag
Essas são as duas últimas unidades produzidas: um Belcar e uma Vemaguet, que apagaram as luzes da fábrica DKW-Vemag

PS: Para os curiosos o nome DKW apareceu em 1916 quando J.S. Rasmussen construiu um carro a vapor. Daí o nome Dampf Kraft Wagen (DKW) ou Carro de Propulsão a Vapor.

Referências: http://www.carroantigo.com/portugues/conteudo/curio_nacionais_dkw.htm

http://www.saopauloantiga.com.br/vemag-uma-fabrica-que-agoniza-no-tempo/

9 Comments

  1. Eram carros que traziam conceitos avançados para a época. A alavanca do câmbio na coluna de direção foi adotada anos mais tarde pela Chevrolet no célebre Opala 4.100. A porta suicida também foi copiada em outros carros. O motor de 3 cilindros é uma ideia que foi retomada nos novos carros 1.0 de 2016 em diante.

    Não é sem motivo que os colecionadores capricham nos cuidados com esses carros.

  2. Os meus 3 primeiros carros de 73 a 76 foram dkwvemag. Recentemente comprei uma Vemaguet 67 e estou negociando uma outra 66 de um único dono. Eu serei o segundo.

  3. O Sr. Rufino Carneiro, em Lagoa Formosa-MG, possuía uma Vemaguet muito luxuosa…motor 2 Tempos, barulho característico da marca…fumacinha pela queima do óleo 2T adicionado à gasolina !.. Tinha pintura cor Creme levemente cinza, sempre muito bem cuidada, um brilho reluzente !..

  4. Foi o primeiro automóvel a utilizar costura eletrônica nos bancos, em 1966. Também foi o celeiro do automobilismo brasileiro, com a equipe Vemag e seus competentes profissionais: Marinho Camargo (Tenente), Eduardo Scuracchio, Jorge Lettry (O chefe), Chico Lameirão, Roberto Dal Pon, Anísio Campos e Bird Clemente.
    DKW é sigla de “Dampf-Kraft-Wagen”

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