Um dos bairros mais próximos de SP, mas ainda pertencendo a Cotia, a Granja Viana, possui uma rica história envolvendo a natureza, condomínios e um importante polo gastronômico de São Paulo. E toda essa estrutura distrital foi concebida em apenas 60 anos.

Durante anos as terras que compõem a Granja Viana e seus arredores eram dominadas por olarias, plantações de verduras e legumes. Os produtores, em sua predominância, eram de origem oriental e faziam parte da Cooperativa Agrícola de Cotia (CAC), que durante muitas décadas foi a principal responsável por abastecer a capital paulista. Essa entidade, inclusive, foi criada para combater os combater os famosos atravessadores que se aproveitavam do desconhecimento do nosso idioma por parte dos orientais.

No final da década de 30, a família Viana comprou uma grande área na região e o patriarca, Niso, industrial do ramo de fertilizantes, estava focado nas olarias e no crescimento das siderúrgicas em SP. Ele enxergou em Cotia a possibilidade do plantio de eucaliptos para atender a demanda de madeira dessas indústrias, tanto que, remanescentes destas plantações ainda podem ser vistas pela região.

Entretanto, enquanto Niso focava nos eucaliptos, Genuíno, seu irmão, era um grande entusiasta do gado leiteiro. Ele conversou com Niso e o convenceu a importar cabeças de gado da Holanda e dos EUA para estabelecer uma criação e uma granja de leite. Os dois negócios acabaram dando certo, mas o que deu nome ao lugar foi a granja de leite e, ao contrário do que muitos pensam, o termo “granja” não precisa estar associado a aves, afinal, essa palavra significa uma construção fechada que pode abrigar tanto aves quanto mamíferos.

Niso Vianna
Niso Vianna

A fazenda histórica ficava localizada entre os km 22 e 24 da Raposo Tavares e ia até a estrada da Aldeia, onde hoje está o condomínio Granja Velha. Os vizinhos da família Vianna eram os horticultores japoneses e alguns donos de terra, como a família Junqueira de Aquino proprietária da área em que hoje fica o bolsão da Fazendinha.

Apesar de serem vizinhos, eles raramente se encontravam, já que o acesso de uma fazenda a outra era feito de cavalo. Os raros encontros se davam nas caçadas, das quais eram adeptos os Junqueira bem como Genuíno Vianna, para as quais utilizava os cachorros criados em canil onde fica atualmente o Supermercado Serrano, na Rua José Félix de Oliveira.

Uma Família Preocupada Com A Comunidade

Mesmo com o perfil industrial empreendedor, Niso Vianna era uma pessoa muito sensível no que diz respeito às questões sociais. Uma das primeiras causas que abraçou foi com relação ao trabalho das crianças nas olarias da vizinhança. Essa atividade resultava em deformidades nas mãos e braços dos mais novos e, para tirá-los do trabalho pesado, o chefe da família Vianna, com ajuda dos amigos, fundou a primeira escola local no fim dos anos 40.

Pela vocação rural da região, além da educação formal, técnicas agrícolas também eram ensinadas. A ideia era que os filhos dos agricultores se fixassem em suas terras, ajudando a desenvolvê-las. Diante da cultura que acontecia na época, voltada sempre ao trabalho, era muito complicado conseguir atrair pessoas que quisessem estudar.

As únicas escolas existentes na região até aquele momento eram a do Moinho Velho e a casa da Dona República, no Jardim da Glória. A estratégia utilizada foi oferecer uma farta merenda extensiva às famílias das crianças que frequentassem a escola. Deu certo.

O Lar Escola Rotary , em meados de 1982 passou a ser o Colégio Rio Branco, mantido até hoje pelo Rotary. Parte da área da antiga escola estadual foi desapropriada para construção da escola Vinicius de Morais. Mas Niso fez mais do que isso. Com o apoio de José Felix de Oliveira, um amigo que auxiliava na administração da fazenda e, hoje, empresta seu nome a uma das principais ruas da Granja Viana, ele passou a cuidar da saúde e desenvolvimento espiritual dos moradores. Para isso contou com uma forte parceria da Igreja Católica, com a instalação da Paróquia de Santo Antonio em 1951, no km 23,8 da Rodovia Raposo Tavares.

Mais do que o conforto espiritual, a chegada dos religiosos ajudou na saúde dos moradores, através das Irmãs Camilianas que eram experientes em atendimentos de emergência. Na década de 60 as Irmãs desenvolviam um trabalho na sede da Assa – Associação Social Santo Antonio – construída ao lado da Igreja.

As Irmãs Celina e Josefina se tornaram referência na região no atendimento a famílias de colonos muitas vezes à noite, inclusive nas quatro ou cinco olarias locais onde moravam pessoas de poucos recursos financeiros. Em 1962 contaram com o apoio do médico Valter Stoiani, contratado por Niso Vianna, e cuja família vive até hoje na Granja. Sua esposa, Raquel Stoiani, é proprietária da Raquel Natação.

Outra curiosidade é que, tanto o terreno para a construção da Assa quanto para o Seminário São Camilo, instituição para padres na esquina da Rua José Félix de Oliveira com Avenida São Camilo,  foram doados pela família Vianna. O seminário funcionou até 1969 e, desde então, abriga a Casa de Repouso São Camilo. Anexo ao seminário operou até 1977 o Instituto Vianna, organização de ensino que pode ser considerada o embrião da atual Escola da Granja.

As terras de Niso Vianna começaram a ser loteadas na década de 50, mas as ações da família aconteceriam até os anos 70. Nessa época nasceu o primeiro loteamento, Vila Santo Antonio de Carapicuiba (miolo da Granja), com lotes vendidos na sua maior parte para Rotarianos que, atraídos pela vida bucólica, construíram casas de campo. Pensando nas pessoas mais humildes, ele loteou uma área vizinha ao Parque São George e vendeu aos seus funcionários por um valor mais baixo e a longo prazo.

Nos anos 1960 surgem as Chácaras do Lago, Refúgio, São Fernando e São João (terras próximas ao atual condomínio Palos Verdes). Foi com o “boom” imobiliário da década de 1970, que se iniciaram os primeiros loteamentos “fechados”, com os residenciais Granja Velha 2, Jardim Colonial, Parque Silvino Pereira, Parque Primavera e outros loteamentos da família Junqueira ao longo da avenida São Camilo, como Granja Velha, Chácaras da Fazendinha, Impla, Chácaras dos Paineiras etc.

Referências:  http://www.granjaviana.com.br/second/historia-granja-viana.asp?subc=

http://www.granjaviana.com.br/historia.asp 

14 Comments

  1. É Vianna, Granja Vianna, com dois “N”. Qualquer um que disser o contrário tá equivocado. Conheci filhos e netos do Sr. Niso Vianna.
    Até a prefeitura de Cotia usa a grafia errada. No mínimo uma enorme falta de respeito e consideração com o nome da família tão generosa com o município. Vale a correção. Abraços e parabéns pela bela matéria.

  2. Sou filha do MAESTRO, professor de música contratado pelos rotarianos para incrementar a educação das crianças carentes assistidas por eles. Ficávamos na escola em período integral. Nada de crianças na rua.Tempo bom!!!
    Abençoada Família Vianna!

    1. Morei no L. E. R. de 1969 a 1973 na casinha onde ficava o consultório da dentista na entrada da escola, meu pai sr Vitor era motorista e minha mãe Cármen cozinheira, tínhamos muita afinidade com Sr Manuel Vitorino e família. ..saudades de todos. …

    2. Terezinha..morei na Granja de 56 até 65.meu nome ABEL…irmão do Nelson que trabalhou com Sr. Luiz dono do armazem. Estudei com seus irmaos…cantei no orfeao da escola.
      Seu pai era o maestro da bandinha da escola.
      Estou no face book.
      Um abraço forte a todos ai….

      1. Sr. Abel.
        Eu estudei na ESCOLA RURAL da Granja Vianna no ano de 1955.
        Não possuo nenhuma foto da Escola.
        Sabe onde posso encontrar?
        Desde já agradeço.

  3. Oi sou Alice e fui moradora do Pequeno Cotolengo nos anos 70, lembro que tínhamos aula de Piano com o MAESTRO, eu adora as aulas, a musica me ajudou muito, nunca pude falar isso pra ele, mas acredito que você como filha dele se orgulhe do trabalho maravilhoso que ele fez.

  4. Morei na Granja Vianna de 1961 a 1968. Estudei na escola rotariana e fiz os 3 primeiros anos de ginásio no colégio do portão em Cotia. Não posso me esquecer das viagens que a escola promovia para a casa do Bandeirante ou para shows do dia da criança em São Paulo e outras para apresentação do coral, do qual eu fazia parte.
    Dona Raquel Stoiani foi professora particular de matemática de meu irmão e a dona Georgete (da chácara ANY) foi minha professora particular de francês.
    Meu pai era da guarda civil do estado (acredito que o único militar morando na Granja naquela época). Éramos bastante engajados com a paróquia Santo Antonio e o serviço assistencial da freiras.
    Tive a oportunidade de passar pela Granja Vianna neste mês e bateu uma nostalgia…

    1. Oi Thelma…conheci seu pai. Ele ia na comunidade da igreja dar aulas de educ. fisica para nos…turma do clubinho.
      Gente fina. Nao lembro o nome dele.
      Um abraço a todos.

  5. Terezinha..morei na Granja de 56 até 65.meu nome ABEL…irmão do Nelson que trabalhou com Sr. Luiz dono do armazem. Estudei com seus irmaos…cantei no orfeao da escola.
    Seu pai era o maestro da bandinha da escola.
    Estou no face book.
    Um abraço forte a todos ai….

  6. Moro na Granja Vianna a 30 anos, mas já frequentava bem antes pois conheci a família desde criança. Acho um desrespeito muito grande quando vejo a praça Niso Vianna , bem como o nome do bairro, escritos só com um N , a praça é mal cuidada, cara de abandonada, e tem só uma plaquinha. Deveria ter uma placa grande , pois dá acesso a 2 ruas e a Rodovia Raposo Tavares , e escrita com grafia correta.

  7. Estudei na ESCOLA RURAL DA GRAMJA VIANNA, no ano de 1955.
    Eu morava no Km 32, perto do posto da POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL.
    O administrador era o Sr. Américo.
    Eu não possuo uma foto sequer da escola.
    Se alguém possuir, pode me enviar, por favor.
    Desde já agradeço.

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