Tivemos a oportunidade de, no texto histórico sobre o Liceu Pasteur, entender como a influência francesa na educação se integrou à sociedade paulistana. Mas, mais do que a educação, a presença dessa cultura no cotidiano de SP é maior e mais intenso do que podemos imaginar, principalmente quando falamos da São Paulo do século XIX. 

Nesse século, São Paulo ainda era uma cidade com características provincianas e uma economia agrícola. Como todos sabemos, essa é a época dos famosos “Barões do Café”. A vida comercial da cidade acontecia entre as Ruas São Bento, Direita e XV de Novembro, o “triângulo” que era conhecido como coração financeiro de SP. Com o crescente desenvolvimento da infraestrutura da cidade, em especial a construção das ferrovias e da Estação da Luz, algumas situações começaram a acontecer e a mudar a paisagem urbana do centro e bairros da região.

Os barões, que antes viviam no interior, passaram a conviver mais com São Paulo. Era mais rápido estar aqui para fechar negócios, viajar para a Europa e proporcionar uma educação de qualidade aos herdeiros. Bairros como Higienópolis e Campos Elíseos começaram a ser construídos com o dinheiro do café. Enquanto ganhávamos novos moradores e consumidores, a vida social passava a se aquecer.

Os cafés e confeitarias eram os pontos de encontro dos paulistas e paulistanos daquela época. Os lugares mais procurados eram a Castellões e a Brasserie Paulista, casas voltadas para o chá das senhoras. Para os homens de negócios, existiam os cafés Brandão, Guarany, Girondino e o Java. Como citamos acima, os grandes fazendeiros passaram a morar na metrópole, mudando muito da nossa estrutura e gerando a alcunha de “Capital dos Fazendeiros”. Fato é que, muitos desses ricos, usavam SP como uma ponte para Paris, capital cultural da época.

Theatro Municipal na década de 30
Theatro Municipal na década de 30

Dizia-se que era preciso “tomar um banho de civilização e cultura” na capital francesa. E essa preferência não passou despercebida pelos comerciantes daqui que, de maneira geral, passaram a inaugurar estabelecimentos com nomes franceses, como: o Hotel de France, as magazines La Ville de Paris e La Saison, além de lojas como: Notre Dame de Paris, Au Palais Royal, Au Printemps e Au Louvre.

Havia também a Casa Garraux que, segundo Affonso de Taunay, em seu livro “Velho São Paulo”, foi a primeira livraria de São Paulo, junto à Mademoiselle Guilhem, que dirigia  um ambiente alugador de livros. Os cabeleireiros também eram franceses, como o La Grand Duchesse e a joalheria A Le Pendule Suisse.  O francês também era um idioma obrigatório nas escolas tradicionais e nas casas das famílias ricas.

A riqueza oriunda do café ainda ajudaria a promover grandes mudanças no centro, como o Theatro Municipal, Viaduto do Chá e várias outras obras particulares que embelezaram nossa cidade. Em 1914, quando estourou a Primeira Guerra, os fazendeiros se viram impedidos de viajar à Europa e, por isso, passaram a investir na indústria nacional que começava a engatinhar.

Fonte: Ponto Chic – Um Bar na História de São Paulo; por Angelo Iacocca. 

3 Comments

  1. Nossa!! que cidade mais linda♥, Tenho um misto de Amor e ódio por São Paulo, e vendo essas imagens e histórias do século passado, XIX…, concordo qdo me dizem q eu tenho o espírito muito antigo rsrsrsrsrs Parece q já vivi ali, na minha São Paulo dos sonhos♥

  2. Olá! Minha mãe estudou no Liceu Pasteur nos anos 1940/1950. E neste momento busco informações sobre a comunidade judaica que chegou a São Paulo ainda no século XIX, após a Guerra Franco-Prussiana. Alguém teria alguma informação?
    Grata,
    Myriam

    1. A escola judaica Alef Peretz tem origem e I.L. Peretz tem foram formadas por imigrantes judeus no século XX. Talvez vcbconsiga informações junto à escola sobre imigração no século XIX.

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