O nome Largo do Paissandu surgiu da iniciativa de um vereador paulistano, chamado Malaquias Rogério de Salles, em 28 de novembro de 1865, e lembra uma das batalhas que antecederam a famosa Guerra do Paraguai. Na ocasião, em 1864, um pelotão do exército brasileiro, sob o comando do general Menna Barreto, rumou em direção a Paysandú, no Uruguai, para enfrentar algumas tropas paraguaias.

O cerco à região durou quase um ano e resultou na vitória dos brasileiros e uruguaios, quando as tropas conseguiram reabrir um caminho para a cidade de Montevidéu. Como o nome da região acabara ficando famoso para a preparação da guerra, com o término da batalha, o nome foi concedido ao Largo.

O que foi essa batalha e qual a importância dessa história?

Para entender a importância desse acontecimento histórico que é lembrado em um dos mais tradicionais pontos de São Paulo, é preciso conhecer um pouco da história do Brasil e do seu vizinho, o Uruguai. Na época da eclosão da chamada “Guerra contra Aguirre”, havia um intenso revezamento político entre o Partido Blanco, representado pelos fazendeiros que moravam na fronteira entre o Rio Grande do Sul e Uruguai, e o Partido Colorado, que era representado pelos comerciantes de Montevidéu.

A relação política do Uruguai com a Argentina acabou propiciando a união de Oribes, representante do Partido Blanco, com Manuel Rosas, governante argentino. A ideia dos dois era resgatar o chamado “Vice-reinado do Prata” e transformar a Argentina, Uruguai, Paraguai e a Bolívia em uma só instituição.

Para o Brasil, na época, isso seria um desastre. A supremacia nacional na América do Sul seria ameaçada e, ao mesmo tempo, isso poderia ser um problema para o país manter seus grandes limites territoriais. A chamada Guerra contra Aguirre, foi um movimento que começou em 64 e teve sua batalhas em 65, quando o Brasil cortou relações com o Uruguai.

Tudo começou quando Aguirre, o novo administrador do país e representante do Partido Blanco, comandou várias invasões ao Rio Grande do Sul, onde ficavam grandes pecuaristas brasileiros. Pensando em defender o seu território, o Brasil interveio contra Aguirre apoderando-se de vários territórios, como Unión e Paysandú, marchando em direção a Montevidéu logo depois.

É dessa batalha, inclusive, que surge um dos grandes nomes do exército nacional: Marcílio Dias, famoso ao gritar “vitória” ao subir à torre da Igreja Matriz de Paysandú acenando para os seus companheiros com a bandeira do Brasil.

Marcílio_Dias

A luta, porém, durou pouco tempo e, em 65, quando acabou seu mandato, Venâncio Flores, do Partido Colorado, colocou um fim à guerra e ao estranhamento entre as nações. Em 20 de fevereiro do mesmo ano assina-se a Convenção de Paz e as terras uruguaias, que se encontravam sob o domínio do Brasil, foram então devolvidas ao Uruguai.

O que era esse largo, como se chamava e quais as principais atividades que aconteciam por ali?

Antes de ser conhecido como Largo do Paissandu, a região possuía algumas curiosidades, como o Tanque do Zuniga, que nomeou, durante um tempo, toda a região. Esse tanque saída de um riacho conhecido como Yacuba, que se espalhava pela Avenida São João, Paissandu e proximidades. Graças a esse fenômeno, o atual Largo era chamado, no começo, de Praça de Alagoas.

Chamava-se “tanque” porque num recesso baixo do terreno, as águas das alagoas se juntavam em aspecto de tanque, e o nome Zuniga é uma referência ao proprietário das terras -Sargento-Mór Manoel Caetano Zuniga.

Largo do Paissandu em 1935.
Largo do Paissandu em 1935.

Com o passar do tempo, a região acabou sendo modificada. Uma das grandes alterações do Paissandu foi quando a antiga Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, que ficava na Praça Antônio Prado, acabou transferida para a região.

Na frente da igreja, inclusive, se encontra o  monumento à Mãe Preta do Largo do Paissandu (monumento tombado pelo CONPRESP, pelo  seu valor cultural para a cidade de São Paulo, obra do escultor Júlio Guerra, implantada em 1955), local onde ocorrem as comemorações pela libertação dos escravos, no dia 13 de maio e, mais recentemente, também pelo Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro.

Vale destacar que, na década de 20, o largo ficou muito famoso graças ao palhaço Piolin, que instalou seu circo naquela região tornando-a extremamente famosa graças às suas grandes apresentações. O largo era ponto de encontro não só de boêmios como de intelectuais, e, na década de 1930, houve a  instalação do “Bar Rostov” e do sempre lembrado e famoso  “Ponto Chic“, que ainda existe, no mesmo local.

3 Comments

  1. Saudades a partir dos anos 60.
    Lembranças da barbearia na esquina da Av. São João, do cine e do restaurante Olido, casa de chá, restaurante giratório…
    Belezas de SAMPA….

  2. São Paulo e uma cidade linda, pena que hoje parece esquecida pelos nossos governantes, e pela nossa população, hoje tomada por lixo e pichações por todos lados.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *