Inauguração da Avenida Paulista em 1981

No final do século XIX, foram instaladas as primeiras indústrias em São Paulo. O dinheiro que movia o café financiou máquinas mais modernas e importou mão-de-obra especializada. Durante essa fase de transição entre os dois séculos, a cidade de São Paulo iniciou seu processo de modernização e foi o principal centro industrial do Brasil, atraindo a alta sociedade advinda do café.

Em um primeiro momento, os senhores do café construíram suas casas no centro da cidade, mas a cidade não parou de crescer. Com o aumento das atividades comerciais e sociais, o centro começou  a desenvolver e se tornar um pólo comercial. Buscando um novo lugar onde pudessem construir suas mansões em “paz” e longe de toda a agitação das movimentadas vias do centro de São Paulo, foi construída a Avenida Paulista.

Seu projeto teve como base as grandes avenidas européias e foi projetada pelo engenheiro uruguaio Joaquim Eugenio de Lima, que hoje, empresta seu nome a  uma rua da região da famosa avenida Paulista. Também participou do processo de inauguração dessa via o famoso interventor Clementino de Sousa e Castro.

Para a época, a avenida era algo nunca visto no ramo: três vias separadas por magnólias e plátanos com imensos lotes de cada lado. Vale o registro de que a Paulista foi a primeira via pública asfaltada e arborizada de São Paulo.

A luxuosa faixa central  da Paulista era destinada aos veículos da época. Esses veículos eram carruagens e o solo era feito de pedregulho branco e separado por filas de árvores. Pelas outras duas pistas, rodeadas de terrenos vazios, circulavam pedestres e bondes puxados a burro.

Podemos dividir a vida da Avenida Paulista em várias fases. A primeira dela vai do dia de sua inauguração, 8 de dezembro de 1891, até o ano de 1937. Após sua inauguração e, em alguns anos subseqüentes, a Paulista começou a se transformar no centro de animação da cidade.

Os ricos senhores do café, os grandes comerciantes e os principais chefes das indústrias construíram elegantes mansões nos lotes oferecidos pela avenida. Condes e barões também moravam na avenida, sendo que o mais famoso deles foi Francisco Matarazzo, oriundo da família mais rica do país à época.

O casarão dos Matarazzo, na esquina com a rua Pamplona, foi, anos depois, substituído por um estacionamento. Do prédio original, atualmente, resta apenas o pórtico da entrada. Aconteciam grandes eventos nas vias da Paulista como: corridas de charrete, corridas de cabriolé  e os grandes carnavais de rua dos anos 20 e 30.

Confere um especial fotográfico da Avenida!

No final da década de 1920, seu nome foi alterado para Avenida Carlos de Campos, em homenagem ao ex-governador do estado de São Paulo, mas o povo não gostou e então o nome dela voltou a ser Avenida Paulista.

O segundo período da via pode ser compreendido entre os anos de 1938 e 1975. Nessa fase aconteceram importantes mudanças para a avenida que conhecemos hoje.

Durante muito tempo a região da Paulista foi somente residencial e era expressamente proibido construir prédios no seu entorno. Mas em 1952, uma nova lei permitiu a construção de prédios hospitalares, educacionais e órgãos de imprensa e televisão. Além disso, também foi autorizada a construção de cinemas e teatros em seus arredores.

Trânsito na Avenida Paulista em 1928.
Trânsito na Avenida Paulista em 1928.

Essa lei, que mudaria para sempre o curso da cidade de São Paulo, foi promulgada pelo então prefeito Armando de Arruda Pereira. Depois, a permissão foi estendida a estabelecimentos comerciais, escritórios, etc.

Outra lei aprovou o plano de alargamento da Avenida Paulista. Dez metros de cada lado da avenida foram demolidos e  os prédios tiveram de recuar obrigatoriamente.

A Paulista passou a ter 48 metros de largura. Seus casarões começaram a ser substituídos por edifícios. A avenida começava a ganhar uma nova personalidade: surgiram conjuntos comerciais e de serviços, galerias e lojas de departamentos; foram construídos o Museu de Arte de São Paulo (Masp) e o Complexo Viário.

Dessa forma, a Paulista transformou-se em um centro comercial, residencial, cultural e de lazer.

Em 1985, todas as mansões da Paulista estavam para ser tombadas pelo seu valor histórico. Mas então, aconteceu um dos maiores crimes contra a cultura da cidade de São Paulo: alguns dias antes da lei do tombamento ser assinada, os donos das mansões destruíram-nas para poder vender seus terrenos, que valiam muito dinheiro.

Caso eles não tivessem feito isso, não poderiam vender nem fazer nada com seus casarões. Uma das poucas mansões que restaram que não foi demolida foi a Casa das Rosas.

Com o passar dos anos, o horizonte da Paulista ficou restrito à calçada oposta. O parque foi informalmente rebatizado Trianon, por influência da fama de uma confeitaria da região, e o vale foi dilacerado pela Avenida Nove de Julho. Atualmente, o único ponto de observação onde os arranha-céus se descortinam é o vão livre do MASP (Museu de Arte de São Paulo).

Cobertura da inauguração da nova sede do Museu de Arte de São Paulo, na Av. Paulista, no dia 7 de novembro de 1968, pela Rainha Elizabeth II.
Cobertura da inauguração da nova sede do Museu de Arte de São Paulo, na Av. Paulista, no dia 7 de novembro de 1968, pela Rainha Elizabeth II.

Sustentado por quatro pilares, o prédio do MASP foi projetado pela arquiteta italiana Lina Bo Bardi em cumprimento a uma exigência da prefeitura, que havia imposto a preservação do mirante para a Cantareira como condição para doar o terreno.

Hoje a região é um dos metros quadrados comerciais mais caros do país e um dos mais caros do mundo. A via é predominantemente comercial com poucas intervenções residenciais.

Confira a cronologia histórica dos 100 anos da Avenida Paulista

1891 – Dia 8 de dezembro – Inauguração da Avenida Paulista.

1891 – Construção da residência do Conde Francisco Matarazzo, projeto dos arquitetos italianos Giulio Saltini e Luigi Mancini.

1900 – Eletrificação da avenida e inauguração do bonde elétrico.

1904 – É iniciada a construção do primeiro edifício da Maternidade São Paulo.

1906 – Inauguração do Sanatório Santa Catarina, o mais antigo hospital particular da cidade de São Paulo, que teve como primeiro diretor clínico o austríaco Walter Seng.

1908 – O prefeito Conselheiro Antônio da Silva Prado realiza a primeira transformação no arruamento, alargando os passeios.

1909 – A Avenida Paulista é a primeira via pública asfaltada de São Paulo, com material importado da Alemanha.

1916 – O prefeito Washington Luís inaugura o Belvedere Trianon e o novo sistema de iluminação elétrica.

1927/30 – Alteração do nome de Avenida Paulista para Avenida Carlos de Campos, nome do ex-governador do estado de São Paulo.

1935 – Construção da Casas das Rosas, projeto de Ramos de Azevedo para sua filha Lúcia Azevedo Dias de Castro, tombada pelo Condephaat em 1986.

1938 – Inauguração do túnel da Avenida 9 de Julho.

1950 – Demolição do Belvedere Trianon.

1951 – I Bienal Internacional de São Paulo realizada no Pavilhão Trianon.

1952 – A legislação municipal permite a construção e instalação de prédios institucionais e de serviços na Avenida Paulista.

1956 – Inauguração do Conjunto Nacional com o projeto de David Libeskind.

1957 – Abertura do Restaurante Fasano.

1961 – Inauguração do Cine Astor.

1962 – Modificação de legislação municipal, autorizando o funcionamento de lojas e edifícios comerciais.

1968 – Retirada dos bondes elétricos da avenida. Inauguração do Masp — Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, projeto de Lina Bo Bardi.

1972 – O prefeito Figueiredo Ferraz inaugura o Complexo Viário.

1974 – O prefeito Olavo Egydio Setúbal inicia as obras de alargamento da Avenida Paulista.

1979 – Instalação da Fiesp/Ciesp.

1982 – São demolidos os últimos casarões significativos da avenida.

1986 – Inauguração das sedes dos bancos Sudameris e Citibank, projetos do arquiteto Gian Carlo Gasperini.

1990 – Campanha realizada pelo Banco Itaú e Rede Globo elege a Avenida Paulista como “Símbolo da Cidade”. Inauguração do shopping Paulista. Início das operações do Metrô —Ramal Paulista.

1991 – Em novembro, a Praça Marechal Cordeiro de Farias é reformada e ampliada para a comemoração do centenário da Paulista. No dia 8 de dezembro, é comemorado o Centenário da Avenida.

6 Comments

  1. Precisamos instalar no prédio 1.919 da nossa Avenida , recentemente liberado o ESPAÇO CULTURAL POETA PAULO BOMFIM . (PRINCIPE DOS POETAS ) SERIA MAIS UM ESPAÇO PARA EXPOSIÇÕES, CURSOS E ATIVIDADES CORRELATAS IMPLANTADAS NO NOSSO CARTÃO POSTAL.

  2. Um dos três Cromeleques Urbanos da Capital*, apenas em DOIS DIAS DO CICLO ANUAL o Astro Solar Navega exatamente sobre a Avenida Paulista, em que falta apenas confirmar QUE DATAS SÃO ESSAS, pois que os Deuses da Chuva difìcilmente permitem constatar tal fenômeno ocorrendo, dado que justo nas datas próximas aos Solstícios e Equinócios costuma ‘fechar o tempo’ na cidade…

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