Um dos mais movimentados bairros da noite paulistana, a Vila Madalena, tem em sua história, um grande processo de desenvolvimento, crescimento, aumento de atividades e, até mesmo, mudança de como a cidade enxergava essa região. Originalmente conhecida como Vila dos Farrapos, a região era, inicialmente, uma parte de Pinheiros. No começo do século XVI, a Vila era habitada por índios que haviam migrado do centro da cidade após a instalação dos jesuítas em 1554. Na região de Pinheiros, por exemplo, existia um aldeamento onde os missionários ensinavam a catequese, faziam batizados e missas com os índios.

Vila Madalena no começo do século XX
Vila Madalena no começo do século XX

Os morros e planaltos da região eram todos cortados pelo Córrego do Rio Verde, nascido perto da Oscar Freire e que desaguava no rio Pinheiros. Vale a curiosidade que, o lado oeste desse córrego, onde hoje fica a “Madá”, chamava-se, no começo do século, de Sítio do Rio Verde. A memória oral da Madalena, aliás, traz outra boa curiosidade para os paulistanos: os moradores mais antigos da região dizem que o proprietário daquelas terras era um português muito bem sucedido que tinha três filhas: Ida, Beatriz e Madalena. Com o passar do tempo, esses nomes deram origem aos atuais bairros da Vila Beatriz, Vila Ida e Vila Madalena.

O Crescimento da Região

Na primeira década do século passado, São Paulo começava a dar sinais de crescimento e, dessa maneira, as pessoas começavam a morar longe do centro, do chamado Triângulo Histórico. Assim, era necessário desenvolver um transporte que levasse os paulistanos aos extremos da cidade. No ano de 1910, a Light, uma das grandes empresas da nossa história, assim como a City, começou a trabalhar na construção de uma linha e de uma estação de bondes na Vila Madalena.

Nessa época, as ruas da região eram todas de terra, sem iluminação, com difícil acesso e vários córregos cortando o bairro. A chegada dos bondes, obviamente, trouxe melhoramentos à Vila Madalena, já que padeiros, açougueiros, motorneiros, sapateiros, pedreiros e vários outros profissionais começaram a se instalar na região. Nesse momento, o Sítio do Rio Verde foi loteado e começou a ocupação de uma nova sorte de gente na Vila Madalena.

Entre os anos 20 e 30, o bairro evoluiu: a luz chegou em 28 junto a um grande número de portugueses, que se instalou por lá quando a prefeitura realizou um loteamento de terra. Apesar da fama de “barra-pesada” e de ter recebido a alcunha de “Risca-Faca”, devido aos botecos da região, o local era pacato e, praticamente, rural.

Durante a década de 70, muitos estudantes começaram a alugar as grandes casas que se tornaram símbolo da região e, com a chegada dos anos 80, começaram a surgir os tradicionais bares e negócios que conhecemos hoje. Dos anos 90 em diante, a Vila sofreu grandes transformações com um boom imobiliário e a construção de prédios baixos e de luxo. Os bares também se alteraram e se tornaram points, como conhecemos hoje, e movimentou a região, atraindo ainda mais jovens do que o comum.

Primeiros Blocos de Carnaval da Vila Madalena
Primeiros Blocos de Carnaval da Vila Madalena

11 Comments

  1. quando eu era pequeno me lembro bem dessa historia das três irmãs, Ida, Beatriz e Madalena, ouvia isso direto, assim como me lembro do campo de futebol do 1o de Maio, onde hoje tem os predinhos no final da Morato Coelho, me lembro muito do ponto final do Bonde, da Igreja ali próximo, frequentei algumas poucas vezes ela, me lembro que detestava descer da Fradique para a morato coelho, onde hoje tem os predinhos, pois era uma descida pesada, e eu não gostava, como também dessa esquina de cima, continuar andando na Fradique para ir na Vila Beatriz, era uma descidona, o duro era na volta, nas duas ruas, mas adorava a Vila Madalena, cai muito de bicicleta nas ruas dela, Mudei para Pinheiros em 1957 e sai de la em 1973 fevereiro ou março, fui criado na mateus grow, e sempre andava pela vila Madalena, nasci em 1954.

    1. Eu nasci na Vila Madalena cresci e tive uma vida bastante ativa no bairro.
      Era coroinha na igreja onde o pároco erao pe Narciso Piacentinni que secedeu ao pe Olavo Pezotti.como aprendia a tocar violão e cavaquinho participei do grupo de jovens desta paróquia e participava da rua de laser aos fins de semana onde a rua Girassol entre a Purpurina Wizard,era fechada para atividades de lazer e arte.
      Sinto orgulho de ser parte da Vila Madalena,de contribuir para que aquela simples vila se transformasse num bairro de prestígio não só em São Paulo mas no Brasil inteiro!!

      1. Grande Giba!! Quando li o comentário, pensei que só podia ser você! Eu era pequeno, mas meu lembro de dessa movimentação, pois minhas irmãs (Sônia e Izabel, mais velhas foi que eu) faziam parte do Grupo de Jovens. Tivemos um rápido contato, quando você, já casado, estava na N. Sra. de Fátima. Grande abraço!

        1. Morei nessa região, arredores 1942 a 1954.
          Morei nas ruas Arthur Azevedo, Francisco Leitão, João Moura, Teodoro Sampaio e Borba Gato.
          O bonde era 28 Fradique Coutinho e 29 Pinheiros.
          Tenho um livro de ótimas recordações.

      2. Meus pais chegaram à Vila Beatriz no finalzinho dos anos 50, quando era tudo barro e mato; instalaram-se na rua Isabel de Castela, esquina com a Napoleão Laureano, e construíram o primeiro prédio do bairro, com três andares, e um salão comercial no piso térreo, onde meu pai instalou a marcenaria dele. Até hoje moramos no bairro, que por sua vez, mora no nosso coração!

  2. Cresci na vila e se pudesse voltava pra lá, mesmo com o progresso tendo transformado-a num paliteiro!!!
    O ensaio da escola de samba Pérola Negra passava na frente de casa!
    Na igreja comecei meu 1º ano da escola, Escolas Agrupadas da Vila Madalena, depois se mudou pro final da Fradique como Escola Estado da Guanabara (nada a ver) acho q hoje leva o nome do Pe.Olavo Pezzotti.
    Ficava na “fila” guardando lugar pra minha mãe no dentista, Dr João Bozola, hoje continuo indo ao dentista lá, mas agora quem toca o consultório é o filho do Dr João, Daniel Bozola!
    Lá passei minhas aventuras de estudante no “Max”.
    Quando meus pais tiveram q sair da vila, na década de 90, ficamos muito revoltados, eu fui pro Paraná e meu irmão pra Santa Catarina!
    Sinto falta do Metrô passando pela vila realmente, pq a Estação Fradique fica lá perto da Rebouças e a Estação Vila Madalena fica lá na Heitor Penteado, precisa uma linha ligando as duas com algumas estações intermediárias!!!
    Minha vida ficou lá!!!! Hoje só recordação!

  3. Cresci na Vila Beatriz no tempo do barro, das chácaras onde compravamos cana para chupar e subiamos o morro para pegar o bonde ou o ônibus e ir às feiras, uma na Morato Coelho, a outra no Sumarezinho, onde hoje está o metrô.Não gostava do lugar, de tomar bonde e como meu pai tinha uma casa na rua Purpurina, Vila Madalena, pedi para mudarmos para lá. Anos depois ele atendeu; o bonde já não mais existia. Estudei em Pinheiros, no Alfredo Bresser, depois no Max, e, adulta, na USP. Quando meu pai faleceu, saímos da região. Hoje, quase sempre vou andar por aquelas ruas, inclusive da Vila Beatriz, onde gostaria de voltar a morar. Ironia: o que mais odiava, hoje aquieta meu coração, porque lembra um tempo em que tinha meu pai e minha mãe, que se foi há pouco. Parafraseando Drummond, tudo eh só um retrato, mas como dói!

  4. Eu tb vivi parte de minha mais tenra idade na Rua Fidalga acima da escada de BARRO!!! no Quintal que tinha varias casas(dona Nene,Neizinha,Lenita,d.Cida inmemorian( era Madrinha de Varias Crianças, seu Severino(trabalhava na Padaria esquina da Purpuirna com Fidalga)1960…nossaaa viajei agoraaa no Tempoooo!!!alguém ai morava na Fidalga? naquele tempo era um Barro só! , tinha dona Rosa mãe do “Pico,Grandão,Zé Roberto. Pe. Olavo Batizou meu Irmão em Julho 1962. Meu Deus Q Sdds!!!Mas com Todas Mudanças Que não foram Poucas!!! Continuo Sempre pela VILA!!!AMU!!!

  5. No ano de 1959 com 06 anos cheguei em são Paulo vindo de Portugal, mais precisamente em um cortiço na Rua Colonização nº 127 Vila Beatriz e um ano mais tarde mudamos para a Rua Arapiraca nº 26, estudei em uma escola feita de Madeira a onde completei o 1º e 2º ano primário que ficava a onde hoje está a praça Fiorante Salomão na esquina da Rua Isabel de Castela com a Rua Arthur Somensi ao lado do córrego das Corujas ainda não canalizado, com o fechamento e a demolição da mesma emigrei para o Brasilio Machado na Vila Madalena, minha infância e adolescência foi simplesmente maravilhosa juntamente com meus amigos, Ivo, Flavio, Enio, Pedro, Vitor, Telma, Massa, Cilene, Alfredinho, Carioca, Isabel, Massa, Regina, Reis, Chiquinho, Caca, Cristina, Clarice, Cacilda, Fernando, William, Sueli, Edson etc, brincadeiras e diversão não faltavam brincávamos de bolinha de gude, Pião, pular corda, pega pega, e quando as ruas foram asfaltadas vieram os carrinhos de Rolimã, ficávamos na rua até altas horas da noite, não haviam muros altos ou grandes portões tínhamos total liberdade,
    Ao lado da minha casa ficavam os campos de futebol do meu querido Leão do Morro F.C da Vila Beatriz, Esporte clube 1º de Maio e 7 de Setembro ambos da Vila Madalena que existiram até os primeiros meses do ano de 1970 e a onde também jogávamos Taco uma brincadeira muito parecida com o basebol, Joguei no Dente de leite e algumas partidas no time principal do Leão do Morro e quando os campos acabaram jogamos algumas partidas em campos dos adversários até o time não ter mais condições financeiras para continuar e encerrar a sua vitoriosa história nos campos da várzea paulistana.
    No ano de 1972 mudamos para a Rua Simpatia nº 27 a onde já tinha convívio com alguns amigos que frequentavam a Pizzaria e lanchonete do Morango na Rua Fradique Coutinho com a Rua Aspicuelta, e vi o surgimento da nossa querida escola de Samba Pérola Negra.
    Saudades da minha Vila Beatriz e Vila Madalena

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