No final do século XIX, quando Santo Amaro era um município vizinho ao de São Paulo, o engenheiro Alberto Kuhlmann, foi o responsável por inaugurar uma linha de bondes a vapor que ia da estação São Joaquim (curiosamente no mesmo local da estação de Metrô de hoje) à Estação Santo Amaro, que ficava no centro daquela cidade.

Segundo relatos, o caminho era o seguinte: saía da Rua da Liberdade, passava pela Vergueiro e Domingos de Morais quando, já na Vila Mariana, seguia pela atual Avenida Jabaquara até a Igreja de São Judas. Depois descia pelo Aeroporto de Congonhas, passando pelos bairros do Campo Belo e do Brooklin Paulista e entrava, finalmente, na Avenida Vereador José Diniz e Adolfo Pinheiro para, então, chegar ao terminal.

No ano de 1913, a Light, grande empresa que fez parte da história da cidade de São Paulo, completou a eletrificação dessa linha. Vale dizer que a Light comprou esse trajeto no ano de 1900 e a antiga estação da Vila Mariana foi demolida em 1911.

Estação Vila Mariana do Tramway de Santo Amaro em 1890.
Estação Vila Mariana do Tramway de Santo Amaro em 1890.

Após as reformas, a linha passou a correr desde a Praça João Mendes, passando pelas ruas da Liberdade, Vergueiro e Domingos de Morais para aí mudar o seu caminho, entrando pela rua Jabaquara – hoje Conselheiro Rodrigues Alves – e dobrando ao lado do Instituto Biológico para numa grande reta alcançar o largo Treze de Maio, ao lado da praça central (Jardim Público) de Santo Amaro.

Essa linha seria separada com o passar do tempo. O trecho que seguia pela Domingos de Morais, depois Ana Rosa e Avenida Jabaquara foi mantido, mas acabaria desativado em 1966, abrindo caminho para a construção do metrô. A linha de Santo Amaro, por sua vez, foi a última linha de bondes a ser cancelada na cidade de São Paulo, dando seu passeio final em 1968.

Estação do Encontro, próximo à atual igreja de São Judas, na então divisa dos municípios de São Paulo e de Santo Amaro.
Estação do Encontro, próximo à atual igreja de São Judas, na então divisa dos municípios de São Paulo e de Santo Amaro.

8 Comments

  1. Olá, Boa tarde!
    Estou fazendo uma pesquisa para um trabalho da faculdade. Para a competência “Historia da Arte” o tema do trabalho é “cidade de São Paulo e memória” dentro desse tema escolhemos falar sobre a historia dos trens de São Paulo eu escolhi falar sobre a região de santo Amaro e estou encantada lendo seu material, gostaria de saber aonde encontro livros que falem sobre o assunto do bonde e da evolução da linha metroviária dessa região?

  2. Realmente conhecia muito pouco desta linha a vapor. Quem me falou desta foi Waldemar Sthil, conhecido estudioso dos bondes, falecido a muitos anos. Parabens pela divulgaçao das fotos e elucidaçao da historia dos bondes em Sao Paulo e municipios.

  3. Fantástico, Abrahão!
    Nasci em São Paulo e conhecer a história dessa impactante cidade sempre me faz viajar no tempo.
    Tenho especial interesse pela rua/bairro da Consolação. Soube que, no final do século XIX, toda aquela região era uma fazenda que pertenceu a uma família portuguesa. Sabe se procede ou se é apenas lenda? Tem algum registro sobre isso?
    Muito grata pelo belíssimo trabalho!

  4. Tenho 62 anos e me lembro de passar de bonde ali atrás do clube Banespa na Av. Vereador José Diniz. Eu morria de medo que o bonde caísse na ribanceira, visto que o trecho da avenida ali atrás do clube é mais alto. Acho que por conta deste medo ainda tenho a lembrança deste trecho.

    1. Marc. Tenho 61 anos e moravamos em V. Mariana perto da Av. Rodrigues Alves. Meu pai comprou um terreno em Santo Amaro. Lembro muito de nossas idas para o terreno! Lembro- me muito do Clube do Banespa. Minha sensação era diferente da sua quanto a altura. Pedia para minha irmã mais velha me avisar quando próximo, para eu ver o clube, amava ficar no alto olhando o povo lá embaixo!
      Fiquei triste quando meu pai falou que íam desativar a linha de bondes!
      Sdd daquele tempo!

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