Entre as muitas lojas que já deixaram de existir na cidade, uma merece um pequeno destaque, tanto pelo seu pioneirismo, quanto pela razão pela qual foi concebida e aberta ao público. A loja em questão é a Ultralar, fundada em 1956 por Ernesto Igel, austríaco naturalizado brasileiro, que criou o método para engarrafar o gás propano.

Igel foi pioneiro em colocar esse gás em botijões pequenos e vender como o gás de cozinha, buscando facilitar a vida doméstica das pessoas que, até então, utilizavam outras tecnologias, como o forno a lenha, por exemplo. Dessa primeira ideia de botijões, surgiu a Empresa Brasileira de Gás a Domicílio que, em 1938, se tornaria a famosa Ultragaz. Mas, como o alcance dessa novidade ainda era pequeno, tendo em vista que muitas pessoas ainda desconfiavam dessa tecnologia, Igel teve que pensar em como convencer e trazer o consumidor para mais perto de seu negócio.

Pensando nisso, o empreendedor criou o famoso Grupo Ultra, onde a Ultralar passou a ser um braço importante desse conglomerado. As lojas Ultralar foram pensadas para produzir e vender os fogões a gás, trazendo as pessoas para dentro das magazines, tirando dúvidas e incentivando o consumo desse novo produto. Não é um exagero dizer que as Lojas Ultralar foram pioneiras no setor de grandes magazines tanto em São Paulo, quanto no Brasil.

Propaganda da Ultralar no Correio Paulistano nos anos 50.

O desenvolvimento da empresa foi tão grande que, entre os anos de 1970 e 1973, ela teve ações na Bolsa de Valores e, em 1974, seguiu a tendência de outro gigante do segmento, o Pão de Açúcar (na figura do Jumbo) e da Eletroradiobraz, abrindo seu primeiro hipermercado, o Ultracenter, na Marginal Pinheiros. Esse mercado, inclusive, seria vendido ao Carrefour em 1975, quando a gigante internacional passou a olhar com outros olhos para o mercado brasileiro.

Volta ao negócio original

No começo dos anos 90, buscando uma reestruturação dos negócios, o Grupo Ultra passou a fazer uma política de desinvestimento do que era considerado “fora do negócio principal”, como as Lojas Ultralar (que já tinham 44 unidades em vários estados). Segundo registro do site “História de Empresas”, o que aconteceu na sequência foi o seguinte:

“Os negócios da família Malzoni se iniciaram em 1927, com a criação da Casa Bancária Irmãos Malzoni, na cidade paulista de Matão, que atuava no financiamento de lavouras de café. A empresa prosperou rapidamente e se consolidou em 1973, com a criação da Ultracred Financeira e Distribuidora. O grupo empregou mais de 17.000 funcionários e investiu mais de 400 milhões de dólares no Brasil e tinha sobe seu comando as lojas Sears, Ultralar, Sandiz (comprada do Grupo Pão de Açucar), Sears, Dillard’s (que funcionou durante 2 anos) a cadeia de lanchonetes Bob’s, Ultracred Financeira e Distribuidora e a rede de farmácias Drograsil, na época devido ao seu apetite apelidado de “Comprex”. Foi nessa época que começou um programa para a modernização da Ultralar e ela passa a se chamar Ultralar & Lazer incorporando algumas lojas da Sears no estado do no Rio de Janeiro.

Ainda na década de 90 foi desfeita a associação entre o Grupo Malzoni e o Grupo Vendex e algumas empresas foram fechadas como Sears e Dillard’s e outras vendidas como a Drogasil e Ultralar & Lazer.

Após passar pelo Grupo Malzoni Vendex a Ultralar foi comprada por Paulo dos Santos que concentrou as atividades da empresa no mercado do Rio de Janeiro. Nessa época o comercio varejista brasileiro sofreu inúmeras transformações as empresas mais atingidas foram as tradicionais lojas de departamentos que com a perda de identidade em virtude das frequentes tentativas de mudanças e das indefinições do foco de atuação como foi o caso da Ultralar que acabou entrando em dificuldade”.

Nos anos 2000, com 17 lojas, a empresa já estava enfrentando dificuldades imensas e, em maio desse ano, acabou encerrando suas atividades e teve seus pontos adquiridos pelas Casas Bahia.

Referências: https://historiadeempresas.wordpress.com/category/lojas-ultralar/ 

http://www.ibram.org.br/003/00301009.asp?ttCD_CHAVE=30136

http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/5334_O+DILEMA+DE+MALZONI

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