Pouco antes dos anos 1800, a cidade de São Paulo ganhou um importante ponto turístico e de relaxamento para os paulistanos. O chamado Parque da Luz, inaugurado como Jardim Botânico, começou suas atividades em 1798 e foi o primeiro jardim público da nossa cidade. Dez anos mais tarde, o presidente da província Rafael Tobias escrevia em seu relatório: “Continua-se a trabalhar no Jardim estabelecido nesta cidade; ainda que seja uma despesa que mais toca ao agradável do que ao útil, não se pode dispensar, uma vez que ele já serve de recreio aos cidadãos em certos dias, e não é conveniente abandonar uma obra começada, perdendo-se o que está feito”.

Em 1860, parte das terras do Jardim Público da Luz (cerca 44 metros) foi entregue à Companhia Inglesa para a construção da estação da estrada de ferro, a futura Estação da Luz. Mais para o final do século, outros lotes de terra foram cedidos para a construção do Colégio Prudente de Morais e do Liceu de Artes e Ofícios. Restou hoje uma área de 113.400 metros quadrados.

Jardim da Luz na década de 30
Jardim da Luz na década de 30

O problema é que, até meados do século XIX, a população não frequentava o Jardim Público da Luz. O viajante Frédéric Houssay observa em 1862: “Jamais encontrei alguém ali que não fosse o seu velho jardineiro alemão”.

Na verdade, o Jardim Público da Luz só se tornou popular no governo de João Teodoro (1872-1875), quando, depois de reformas que incluíram a instalação de um observatório astronômico, cumpriu o papel de parque de lazer para a população, local de passeio das famílias, ponto de encontro dos passageiros que desembarcavam na Estação da Luz, vindos de Santos ou do interior. Anos mais tarde, em 1883, o parque receberia iluminação elétrica. No governo do prefeito Antônio Prado (1899-1910), o jardim passou por novos melhoramentos, como calçamentos, construção de tanques e bancos.

Jardim da Luz em 1908. Foto de Guilherme Gaensly
Jardim da Luz em 1908.
Foto de Guilherme Gaensly

O viajante francês Paul Adam deixou registrado em 1914: “Aos domingos, no Jardim da Luz, é agradável ver esse povo energético, bem trajado, entregar-se aos prazeres da ginástica e da patinação, por entre o emaranhado das mais belas árvores tropicais, diante dos quiosques onde as mulheres em sua elegância saboreiam sorvetes, bebem refrescos. É a vida sadia e limpa”.

A população paulistana, portanto, passou a frequentar regularmente o Jardim da Luz, aos domingos e feriados, quando, ao som das bandas de música, passeava entre plantas, árvores centenárias, lagos e animais – preguiças, zebras, jaburus, garças, pavões, girafas, tamanduás, onças, peixes, entre outros.

Com a degradação da região central da cidade, partir da década de 1970, o Jardim da Luz ficou praticamente entregue à prostituição, tráfico de drogas, contrabando e outras atividades criminosas. A população afastou-se do local, considerado perigoso. No final da década de 1990, entretanto, o governo assumiu a recuperação do Jardim da Luz. O coreto foi restaurado, bem como o lago e os caminhos. O lugar recuperou o seu caráter público; ali crianças, jovens, namorados e idosos podem esquecer o tumulto da cidade e realizar um agradável passeio entre árvores majestosas e esculturas de artistas brasileiros.

9 Comments

  1. Boa Tarde, gostaria de destacar alguns equívocos em seu texto para deixar mais próximo a realidade. Segue abaixo.
    – Em 1798 foi criado na área o Horto Botânico por ordem da Rainha Maria I. Neste época a área não abrangia o terreno que se estende da Pinacoteca até a antiga Escola, atual Pina Contemporânea.
    – Em 1825, após as reformas, foi inaugurado o Jardim Botânico, que no ano seguinte torna-se Jardim Público e quando começa a ter muitas e muitas visitas ao local, mesmo com problemas administrativos e com escravos livres(trabalhadores do local)
    – Depois, apenas 10 metros pra frente da entrada principal, Av. Tiradentes, foi liberado para o parque.
    – Realmente, foi liberado toda a área onde se encontra a Estação da Luz até a praça da Luz para a cia férrea. A Pinacoteca e a escola estão em área que era devoluta, não era do parque. Eles respeitaram os 10 metros para frente e construíram exatamente onde não havia nada, apenas uma grande calçada que foi feita para a entrada do parque, mas a área não era do parque e por isto, era calçada.
    – A área já era muito bem frequentada antes de João Teodoro com muitas festas e quermesses. E a torre, a princípio, não foi construída para ser observatório e sim um mirante e anos depois aproveitaram para fazer um observatório meteorológico. Até então, utilizavam as informações de um Padre que vivia no Seminário da Luz, o qual fez um observatório no jardim do Seminário, que na época tinha 1 km de extensão, sentido ao Tamanduateí.
    – No momento do João Teodoro houve a ampliação da estrutura do parque mudando seu desenho para um Parque de Arquitetura Eclética, incluído desenhos Ingleses em um jardim de desenhos franceses (aumentou a dimensão dos desenhos que até então era menor, mesmo com uma área grande).
    – A degradação não começou na década de 70 e sim na de 30 quando GV decretou a retirada dos gradis que protegiam o parque e este ficou a mercê dos mendigos, ladrões e moradores de rua porque não havia mais fiscalização ao local. Na década de 70 o gradil voltou a existir e foram feitas festas para reviver os áureos tempos do parque e voltar a trazer o público.
    – Em 1999 foi restaurado tudo que estava no parque e o parque em geral. Inclusive, descobriram o aquário que estava escondido em meio a estruturas de construção para escondê-lo.
    Há muito mais coisas, mas me baseei no seu texto.
    Att.

      1. Bom Dia!

        Preciso fazer um levantamento. Como o texto é bastante antigo, olharei no meu computador se eu tenho essas referências.

        Se eu encontrar, repasso sim.

    1. Olá Cristiane, pelo visto você entende sobre o Parque, correto?

      Estou desenvolvendo um trabalho acadêmico e precisava fazer algumas perguntas. Você poderia me ajudar?

      Caso haja disponibilidade me envia um e-mail, por favor.

      Atenciosamente, Guilherme – guilhermezanoti@hotmail.com

  2. finais de semana vou ao JARDIM DA LUZ, escrevi em maiusculo devido ao respeito e admiração que tenho ao parque.Este é um refúgio para mim.Esqueco a cidade grande que o circunscreve.Penso na tradição que o envolve, nos vestidos franceses e fraques que desfilavam.Respeito muito esse parque.
    Obrigado por existir.

  3. Nossa gestão completou 2 anos em fevereiro de 2024
    estamos diariamente trabalhando para deixarmos cada vez melhor e mais atrativo.
    Nossa administração esta de portas abertas para juntos melhoramos cada vez mais o nosso amado parque .

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