Um Poeta Moderno – A História de Mário de Andrade

Um dos criadores do modernismo brasileiro nasceu na cidade de São Paulo, dia 09/10/1893. Ele tem uma biblioteca, no centro de São Paulo, com o seu nome e foi o autor de Macunaíma. Mário Raul de Morais Andrade, ou simplesmente, Mário de Andrade, nasceu em uma família rica e aristocrática da capital paulista. Formou-se no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, onde, mais tarde, seria professor.

Seu dom para a literatura começou bem cedo, com algumas críticas escritas para jornais e revistas. No ano de 1917, publicou seu primeiro livro, com o pseudônimo de Mário Sobral. A obra tinha o nome de “Há Uma Gota de Sangue em Cada Poema”. Anos mais tarde, em 1921, Oswald de Andrade, após ler os manuscritos originais de “Paulicéia Desvairada”, que seria lançado em 22, escreveu para o “Jornal do Comércio” um artigo em que elogiava o jovem poeta Mário de Andrade e o chamava de “meu poeta futurista”.

Sua grande contribuição foi, de fato, ajuda a preparar a Semana de Arte Moderna, que aconteceu em 1922. Um curioso acontecimento dessa icônica semana de arte foi que, no segundo dia de espetáculos, durante o intervalo, em pé na escadaria do Teatro Municipal, leu algumas páginas de seu livro de ensaios “A Escrava Que Não É Isaura”. O público, despreparado para a ousadia, reagiu com vaias.

Mas Mário não se intimidou e continuou sua produção literária. Cinco anos depois, em  1927, lançou seu primeiro romance: “Amar, Verbo Intransitivo”, que tem como objetivo desmascarar a estrutura familiar paulistana. A história é simples e gira em torno de um rico industrial que contrata uma governanta, a Fräulein, para ensinar alemão aos filhos. Na verdade, tudo não passa de fachada para a iniciação sexual do filho mais velho.

Em “Clã do Jabuti”, também de 27, ele mostra a importância que dá à pesquisa do folclore brasileiro, tendência que atingirá seu ponto alto no romance “Macunaíma” (1928), no qual recria mitos e lendas indígenas para traçar um painel do processo civilizatório brasileiro:

“No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a índia tapanhumas pariu uma criança feia. Essa criança é que chamaram de Macunaíma”.

Na musicologia, seu “Ensaio Sobre a Música Brasileira” (1928) influenciou nossos maiores compositores contemporâneos, nomes como Heitor Villa-Lobos, Francisco Mignone, Lorenzo Fernández, Camargo Guarnieri.

Como contista, os trabalhos mais significativos de Mário de Andrade acham-se em “Belazarte” e “Contos Novos”. O primeiro livro mostra a preocupação do autor em denunciar as desigualdades sociais. O segundo se constitui de textos esparsos (reunidos em publicação póstuma), mas traz os contos mais importantes, como “Peru de Natal” e “Frederico Paciência”.

Mário de Andrade lecionou por algum tempo na Universidade do Distrito Federal (Rio de Janeiro) e exerceu vários cargos públicos ligados à cultura, no que sobressaía seu lado de pesquisador do folclore nacional. Teve ainda participação importante nas principais revistas modernistas: “Klaxon”, “Estética” e “Terra Roxa e Outras Terras”.

Morreu de ataque cardíaco, aos 51 anos. Sua obra poética foi reunida e publicada postumamente em “Poesias Completas”.

Bibliografia:

– Há uma gota de sangue em cada poema, 1917

– Paulicéia desvairada, 1922

– A escrava que não é Isaura, 1925

– Losango cáqui, 1926

– Primeiro andar, 1926

– A clã do jabuti, 1927

– Amar, verbo intransitivo, 1927

– Ensaios sobra a música brasileira, 1928

– Macunaíma, 1928

– Compêndio da história da música, 1929 (reescrito como Pequena história da música brasileira, 1942)

– Modinhas imperiais, 1930

– Remate de males, 1930

– Música, doce música, 1933

– Belasarte, 1934

– O Aleijadinho de Álvares de Azevedo, 1935

– Lasar  Segall, 1935

– Música do Brasil, 1941

– Poesias, 1941

– O movimento modernista, 1942

– O baile das quatro artes, 1943

– Os filhos da Candinha, 1943

– Aspectos da literatura brasileira 1943 (alguns dos seus mais férteis estudos literários estão aqui reunidos)

– O empalhador de passarinhos, 1944

– Lira paulistana, 1945

– O carro da miséria, 1947

– Contos novos, 1947

– O banquete, 1978

– Será o Benedito!, 1992

Antologias:

– Obras completas, publicação iniciada em 1944, pela Livraria Martins Editora, de São Paulo, compreendendo 20 volumes.

– Poesias completas, 1955

– Poesias completas, editora Martins – São Paulo, 1972

– Homenagens:

– Foi escolhido como Patrono da Cadeira n. 40 da Academia Brasileira de Música.