Todo paulistano já passou, pelo menos uma vez na vida, pela Avenida 23 de maio, uma das mais famosas e movimentadas vias do centro da nossa cidade. Contudo, poucos conhecem sua história e menos pessoas ainda sabem que ela já teve outros dois nomes diferentes: Avenida Itororó e Avenida Anhangabaú.

A ideia de implementação da atual 23 de maio começa no ano de 1927 quando a cidade estava sob o comando de José Pires do Rio. Na ocasião, ele solicitou aos seus engenheiros e urbanistas um sistema viário que fosse capaz de suportar o crescimento da cidade e suas possíveis expansões. A resposta para o seu questionamento foi a “teoria de fundo de vale” que, mais tarde, seria usada para consolidar as grandes avenidas a nossa cidade.

O projeto que foi implantado em São Paulo é baseado em uma ideia que surgiu no ano de 1937 e, o primeiro nome da avenida, era Avenida Itororó, em homenagem ao córrego que passava por ali. Anos mais tarde o nome seria alterado para Avenida Anhangabaú, ideia do ex-prefeito Prestes Maia.

No ano de 1958, o projeto da avenida passou a fazer parte do chamado Plano Das Vias Expressas Diametrais Urbanas e, nessa época, ela já possuía o nome oficial de Avenida Vinte e Três de Maio, determinado pela Lei Ordinária Nº4.473, de 22 de maio de 1954.

Apesar de ter o nome oficial publicado em 54, alguns veículo da imprensa paulistana, como o jornal Folha da Manhã, insistiam em chamar o logradouro de Avenida Anhangabaú ou Avenida Itororó. A via só seria inaugurada oficialmente em 1969, como a principal ligação entre o centro da cidade e o aeroporto de Congonhas.

O Projeto da Avenida E O Começo de Suas Obras

As ideias para a avenida datadas de 1954 já possuíam várias características interessantes como: os canteiros centrais alargados (imaginando que poderia passar uma linha de Metrô por ali); projetos de melhorias nas faixas de rodagem, rampas menos íngremes e até a possibilidade de faixas para o aumento de algumas pistas.

A avenida foi entregue aos poucos para os paulistanos. As obras para a implantação da grande via tiveram início no ano de 1951, em um trecho de 200 metros, entre a Praça da Bandeira e o Viaduto dona Paulina.

Avenida 23 de Maio época da construção na década de 1940.
Avenida 23 de Maio época da construção na década de 1940.

Como era uma via sem saída, ela foi utilizada, durante muitos anos, apenas como um estacionamento provisório. No ano de 1961, a prefeitura de São Paulo tinha a expectativa de ampliar a Avenida até a Rua da Assembleia, já que os custos de desapropriação tinham ultrapassado os 1.900% do orçamento municipal anual para aquele ano. Contudo, a Folha de S. Paulo de 1960, criticou essa “ambição” do poder público paulista:

“Entregue ao tráfego, este trecho estará apenas destinado a funcionar como acesso aos edifícios-garagem da [Rua] Riachuelo e do Viaduto Brigadeiro Luís Antônio, além de se prestar, muito provavelmente, para área de estacionamento. Nenhuma função mais útil do ponto de vista viário poderá assumir essa ligação do primeiro trecho da Avenida Itororó com a Rua da Assembleia.”

Surgem Mais Problemas

Para que as obras pudessem continuar, a prefeitura enfrentou ainda mais problemas com as desapropriações. A grande questão era que a maioria dos terrenos requisitados pertenciam à quintais de casas e, obviamente, eram bloqueados por lei. Um dos mais importantes decretos de desapropriação, publicado em 12 de novembro de 1960, ajudou muito a prefeitura liberando parte das ruas Jaceguai, Conde de São Joaquim, Condessa de São Joaquim e Liberdade (atual Avenida Liberdade).

Outro obstáculo eram as estruturas que já existiam na cidade, como as garagens do Serviço Funerário, que estavam embaixo do Viaduto Dona Paulina ou as estruturas da sede projetada do Departamento de Estradas de Rodagem, que ficavam ao lado do Palácio Mauá, também ao lado do mesmo viaduto.

O trecho “inicial” da 23 de maio, com 1.4 mil metros de comprimento que ia da Praça da Bandeira ao Viaduto Pedroso, começou a funcionar em 25 de janeiro de 1967. Nessa mesma época foi aberta uma concorrência para a construção do viaduto da Rua Paraíso, mas outras obras urbanas, como os viadutos da Avenida Bernardino de Campos e da Rua Cubatão ainda não tinham previsão de concorrência e de obras.

A Inauguração Oficial

A cerimônia oficial, e aceita pelos registros históricos paulistanos, aconteceu no dia 25 de janeiro de 1969, quando foi montado um grande palanque para o discurso do prefeito Faria Lima, na altura da Rua Joinville. Aconteceu ali uma cerimônia e uma placa comemorativa foi colocada no viaduto da Rua do Paraíso.

Vale a curiosidade que a inauguração naquela data chegou a estar ameaçada pelo ritmo das obras, mas um esforço enorme do prefeito acabou garantindo a entrega da Avenida no aniversário de São Paulo. Na década de 70, pouco depois de sua inauguração, a via teve que passar por diversas intervenções, como: recapeamento, correção de curvas mal projetadas, construção de passarelas para pedestres e várias outras intervenções.

Vista aérea da Avenida 23 de Maio em 1974.
Vista aérea da Avenida 23 de Maio em 1974.

A partir de então, ela sofreria várias alterações dos prefeitos de São Paulo: implantação de motofaixas, que seriam retiradas depois; implantação de radares; construção de corredores de ônibus e, até mesmo, o aumento no número de pistas da via.

Curiosidades da 23 de Maio

A avenida, como dita anteriormente, foi construída sobre o córrego Itororó e, também, consiste em uma via expressa sem nenhum endereço comercial ou residencial em toda sua extensão. Sua alcunha, 23 de maio, é uma grande homenagem da cidade ao dia em que os quatro estudantes, MMDC (Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo), se tornaram vítimas da Revolução Constitucionalista de 1932.

A última grande curiosidade fica por conta dos três viadutos que passam sobre a avenida: Dona Paulina, Condessa de São Joaquim e Pedroso, possuem uma estrutura interna capaz de abrigar estações de metrô. Essas estruturas, inclusive, contam com escadas que desembocam no que seriam as plataformas laterais das estações.

Referênciashttp://www.spbairros.com.br/avenida-vinte-e-tres-de-maio/ 

https://parqueibirapuera.org/tag/construcao-da-avenida-23-de-maio/

http://www.miniweb.com.br/cidadania/Hinos/historia/mmdc.html 

9 Comments

  1. Av Itororó, R. Itororó, nunca existiram oficialmente. Só em projetos.. E que eu saiba, nunca se cogitou de chamar essa avenida de Anhangabaú.

    1. Pelo que consta publicado no Correio Paulistano de 1912, a rua Itororó existiu. Inclusive meu bisavô teve residência nesta rua, assim como várias outras pessoas. No artigo diz que a rua se estendia até a rua Santana de Parnaíba e que estes moradores dela, inclusive meu bisavô, estavam cientes de que transformaram parte da rua em seus quintais, prolongando as cercas e fechando assim a rua. (que coisa feia, hein bisa?) Agora, que trecho era este da rua, eu não sei. Talvez parte do que hoje é o início da 23 de maio???

  2. Excelente essa publicação; nos faz lembrar da época em que nossos administradores públicos tinham interesse em melhorar a cidade, e não pensarem somente no próprio umbigo! Parabéns!

  3. Ola Boa noite
    eu me chamo Marlene
    eu fiz este trajeto todo da avenida 23 de maio até o aeroporto
    amei e achei linda eu moro no Paraná, parabéns que fez este texto
    e pergunto:
    vocês sabem quando esta avenida teve a fiação elétrica colocada no solo? Porque passei e não vi fiação aérea e nem postes
    e gostaria de saber o nome dos profissionais das Engenharias que a projetaram?
    Gratidão, fico no aguardo

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