Empolgação e Tragédia – A História Do Primeiro Grande Prêmio de Automobilismo de São Paulo

Uma das maiores paixões dos paulistanos, as corridas automobilísticas, teve seu início um tanto quanto tumultuado na cidade de SP no ano de 1936. Para entender o quanto foi polêmico o Primeiro Grande Prêmio de Automobilismo de SP, é preciso compreender um pouco mais do seu contexto.

Como ainda não havia uma estrutura profissional, como o autódromo de Interlagos, o evento teve que ser todo organizado para acontecer nas ruas da cidade. O lugar escolhido pela organização foi nada menos que o Jardim América que teve, como pista principal, a Avenida Brasil.

O público da cidade de São Paulo estava eufórico para o grande acontecimento. Alguns jornais, como o Estadão, chegaram a noticiar que a população de todo o Estado estava empolgada pelo grande acontecimento que estava por vir e, graças ao “enthusiasmo desta Paulicéa”, nos termos jornalísticos da época, diversos visitantes de estados vizinhos vieram prestigiar o evento. Vale destacar que a iniciativa de promover um evento desse naipe em São Paulo partiu de um famoso empresário paulistano chamado Sabaddo D’Angelo.

 

Na época, D’Angelo era o dono de uma famosa fábrica de cigarros, a Sudan, e como grande fã de automobilismo, decidiu que iria realizar o primeiro GP de São Paulo pouco depois do Circuito da Gávea, tradicional prova do Rio de Janeiro.  Sua idéia era conseguir aproveitar o maior número de pilotos internacionais que já estavam no país e fazer do evento em SP um marco para a história da cidade.

O Evento e o Acidente

No tão esperado dia, cerca de sete mil pessoas se alocaram nas grandes arquibancadas montadas pela Avenida Brasil e nas ruas ao redor do circuito improvisado. Para a segurança, foram utilizados oito mil metros de cordas e outros equipamentos da época.

O Grande Prêmio correu como o esperado até a última volta do evento. Na ocasião, dois pilotos, o brasileiro Manoel Teffé e a francesa Hellé Nice travavam um duro duelo pelo primeiro lugar quando, conforme relatos, perto da linha de chegada, um espectador se debruçou sobre as barreiras de proteção na direção da corredora. Hellé, então, perdeu o controle do veículo e bateu.

Jornais da época dizem que a piloto acabou sendo arrancada do carro e acabou alcançando 10 metros de altura antes de cair sobre os assistentes que estavam perto da arquibancada. Além disso, a confusão ainda piorou quando uma das arquibancadas feitas para o evento cedeu. O público, aterrorizado, invadiu a pista e os carros, em alta velocidade, não conseguiram frear a tempo.

O saldo de toda essa confusão foi a morte de dois soldados da força pública, três militares e um civil. Estima-se que mais 12 pessoas ficaram feriadas e , graças à gravidade desse acidente, o poder público foi obrigado a construir um espaço específico para esse tipo de competição. Surgiria, assim, o autódromo de Interlagos que seria inaugurado em 1940.

A título de curiosidade, o vencedor do primeiro GP de São Paulo foi o italiano Carlo Pintacuda e, a Comissão Esportiva do Primeiro Grande Prêmio da Cidade de São Paulo deliberou que o brasileiro Teffé não havia sido o culpado pelo acidente e que Hellé Nice havia chegado em 4º lugar, logo atrás de Teffé.

Referências e mais imagens: http://acervo.estadao.com.br/noticias/acervo,em-1936-um-gp-pelas-nobres-ruas-dos-jardins,7341,0.htm 

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