A história da escada rolante mais antiga de São Paulo

No dia 10 de novembro de 2022, o Pavilhão da Bienal, que fica no Parque Ibirapuera, terminou a troca da escada rolante mais antiga de São Paulo.

Instalada no dia 9 de julho de 1954, ela chamou atenção por sua inovação e por todo o “mistério” que cercava essa nova maneira de se locomover dentro de um prédio.

O aparelho foi inaugurado com a presença de importantes figuras do país e, o jornal Folha da Manhã descreveu a novidade: “Tem capacidade para transportar cinco mil pessoas por hora e trabalha numa velocidade de 27 metros por minuto. A escada obedece às linhas arquitetônicas do conjunto, com marcha reversível, isto é, pode funcionar tanto para subir como para descer.”

Inauguração da Escada Rolante mais antiga de SP

O Correio Paulistano também destacou a festa da inauguração: “foi inaugurada anteontem, às 19,30 horas a escada rolante do Palacio das Indústrias, no Ibirapuera. Trata-se do primeiro engenho deste tipo construído no Brasil com material nacional e feito por operários paulistas.”.

Porém, a história era para ter sido diferente, se a burocracia de importação de materiais tivesse sido menor. Encontramos uma escada rolante que era mais antiga do que essa: a da Galeria Prestes Maia.  Nos anos 50 já haviam registros e artigos que falavam da importância desse equipamento para a população vencer uma distância considerável no Centro.

O Jornal de Notícias de 1954

E, segundo o mesmo Correio Paulistano, do dia 12 de março de 1952, a notícia da chegada das “escadas modernas” em São Paulo repercutia na imprensa americana.

Escada rolante do Pavilhão da Bienal em 1954. Autor desconhecido

Destaco um trecho:

“As primeiras escadas rolantes modernas para o serviço público, no Brasil, serão instaladas em São Paulo, como parte de um programa para facilitar o transporte na congestionada zona central da cidade, anunciou a Westing House Eletric Internacional Company.

Quatro escadas rolantes eletricas foram encomendadas pelo prefeito Armando de Arruda Pereira aos fabricantes dos Elevadores Atlas, de São Paulo, que são os representantes da “Westinghouse” e os maiores fabricantes de ascensores da America do Sul.

Instalada na Galeria Prestes Maia, no coração de São Paulo, as escadas transportarão pessoas da principal estação de onibus da cidade à praça do Patriarca, isto é, eliminarão os 36 metros que medeiam entre as cotas servidas.

Cada escada rolante terá 120 centímetros de largura e conduzirá 8.000 pessoas por hora. As escadas poderão funcionar nas duas direções.”.

Recorte do jornal Correio Paulistano de 12 de março de 1952

E não pensem que a chegada dessa escada rolante foi fácil. Em abril de 1952, o então vereador Nicolau Tuma apresentou um requerimento para entender a razão da demora em liberar a importação da escada.

Em setembro, já com os materiais em São Paulo, outra polêmica: o então prefeito despejou a Associação Paulista de Belas Artes da Galeria Prestes Maia para que o espaço servisse de guarda de materiais empregados na construção da escada rolante.

No ano de 1953, a situação não era muito diferente. O poder público alegava que havia grandes dificuldades para a obtenção de equipamentos internacionais para a conclusão das obras. A escada seria inaugurada só em 1955.

A primeira loja com escada rolante de São Paulo

Por fim, mais uma curiosidade sobre as escadas rolantes. A primeira “magazine” a ter um aparelho desses dentro de suas dependências foi a Magazine Clipper. Acredito que o endereço dessa magazine era na região do Largo Santa Cecília.

A novidade era tão grande que a imprensa dava o devido destaque a uma loja ter escada rolante dentro de suas dependências.

Propaganda da Clipper de 1954

Referência: Bienal troca antiga escada rolante: https://arqbrasil.com.br/24120/bienal-troca-antiga-escada-rolante/

O Correio Paulistano de 12 de março de 1952: http://memoria.bn.br/DocReader/090972_10/10116

Despejo da Associação Paulista de Belas Artes em 1952: http://memoria.bn.br/DocReader/090972_10/12934

Primeira loja de São Paulo a ter escada rolante em 1954: http://memoria.bn.br/DocReader/090972_10/22343

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