Exposição Brasiliana: Uma Parada Obrigatória Na História do Brasil

No último final de semana, mais especificamente, no dia 17, resolvi dar uma passada no Itaú Cultural para conferir a tão falada Coleção Brasiliana Itaú, no Espaço Olavo Setubal. E garanto a todos os amantes de história: não vão se arrepender!

Dividida em 9 módulos distintos, os dois andares de exposição mostram um Brasil desconhecido para a maioria dos brasileiros. De pinturas originais do século XVI a livros históricos da Semana de Arte Moderna, o acervo que o Itaú Cultural tem sob sua responsabilidade, na minha singela opinião, não tem preço. Quanto vale o primeiro panorama da cidade de São Paulo? Ou então, quanto vale um documento assinado por Tiradentes? Quanto você pagaria pelo único documento assinado por Tancredo Neves enquanto presidente? Imensurável!

Para quem ainda está na dúvida, uma breve descrição dos nove módulos dessa exposição única da nossa cidade:

Módulo 1 – O Brasil Desconhecido: Todo mundo sabe que foi pelo litoral que o Brasil foi descoberto e explorado. Na mostra oferecida ao público, vários documentos que pertenciam à coleções europeias estão disponíveis para admiração em diversos painéis. Uma das peças mais marcantes desse espaço fica por conta do Mapa do Almirante, de 1522, onde aparece apenas parte da nossa costa e chama o Brasil de Terra Nova ou Terra dos Papagaios.  Existem, também, algumas reproduções do imaginário europeu sobre os índios.

Módulo 2 – O Brasil Holandês: Módulo voltado somente à experiência de Maurício de Nassau no nordeste brasileiro. Além disso, livros originais de jovens cientistas da comitiva holandesa estão presentes na exposição.

As principais peças dessa área da mostra são: o quadro a óleo de Frans Post, chamado Povoado Num Planície Arborizada; o livro Rerum Per Octennium In Brasilia, de Barlaeus, datado de 1647 e os importantes registros da fauna e flora nacional impressos no livro História Natural do Brasil (Historia Naturalis Brasiliae), impresso em 1648.

Módulo 3 – O Brasil Secreto: Após a expulsão dos holandeses, Portugal resolveu que era o momento de fechar a colônia, afinal, era uma fonte de renda extraordinária que mantinha a dinastia portuguesa como a mais poderosa da Europa. Ao longo desse importante ciclo, onde são descobertas, inclusive, minas de ouro e diamantes, grandes talentos como Tomás Antônio Gonzaga e Cláudio Manoel aparecem na história nacional.

 Além disso, surge Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, representando através da sua obra Nossa Senhora das Dores. Vale dizer que é a obra original. Outra grande peça de destaque é uma carta assinada, de próprio punho, por Tiradentes e algumas barras de ouro daquela época, antes de serem derretidas, com medidas dos mineiros da época.

Módulo 4 – O Brasil Dos Naturalistas: Com a chegada da família real ao país e a consequente abertura dos portos, em 1808, o país, finalmente, foi aberto ao mundo. Nas décadas subsequentes, o Brasil recebeu centenas de artistas e cientistas que mapearam parte da nossa faura, flora e de costumes dos índios que aqui viviam.

Desse período, destaca-se o álbum Viagens ao Brasil, publicado em Munique no ano de 1823, por J.B. von Spix e C.F.P. von Martius. Outro registro importante é o conjunto de 30 cromolitografias de pássaros feitas com base nos desenhos do francês J.T. Descourtilz para a obra História dos Pássaros do Brasil, publicada em Londres entre 1854 e 1856.

Peças - Itau Cultural

Módulo 5 – O Brasil Da Capital: Momento dedicado, praticamente, em sua integridade, ao Rio de Janeiro, palco de belos quadros que retratam a variedade da vegetação, do mar e da topografia da segunda capital do país. Vale o destaque para a aquarela Panorama de La Baie de Rio – Janeiro, de E. E. Vidal.

Outro pintor de muito destaque no século XIX foi J.M. Rugendas, que retratou como poucos as paisagens e os costumes cariocas em litogravuras publicas em Paris, no ano de 1835, e que fazem parte do acervo do Itaú Cultural. Por parte de Debret, podemos ver o livro, de 1835, Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil, que reúne um dos conjuntos mais famosos de imagens do nosso império antes da fotografia.

Painel - itaú

Módulo 6 – O Brasil Das Províncias: As regiões do Brasil, fora a capital, foram menos retratadas durante o período imperial. Contudo, diversas obras foram encomendadas a importantes artistas, como é o caso do Panorama da Cidade de São Paulo, de autoria do francês A.J. Pallière, que é considerada a obra artística mais importante da cidade de São Paulo antes da invenção da fotografia.

Panomarama da Cidade de São Paulo, 1821. Óleo sobre tela. Armand Julien Pallière.
Panomarama da Cidade de São Paulo, 1821. Óleo sobre tela. Armand Julien Pallière.

Módulo 7 – O Brasil Do Império: A família real, enquanto permaneceu no país, foi amplamente retratada, com pinturas lindíssimas e de extremo bom gosto. Pintor oficial da corte, Debret presenciou e registrou o casamento de D. Pedro com sua segunda esposa, D. Amélia. Várias peças importantíssimas, como a Peça da Coroação, moeda feita em homenagem a D. Pedro, que acabaria sendo reprovada pelo Imperador, fazem parte da coleção e da exposição.

Módulo 8 – O Brasil Da Escravidão: Capítulo terrível da história nacional, a escravidão foi registrada pelas talentosas mãos de Henry Chamberlain, que visitou o Rio de Janeiro em 1817 em cinco anos depois, lançou uma coleção de gravuras focada na mão de obra escrava. Essa coleção, inclusive, está exposta na Brasiliana.

Óleo sobre tela do pintor alemão viajante Bernard Wiegandt revelou a primeira imagem pintada das Cataratas do Iguaçu, datada de 1878.
Óleo sobre tela do pintor alemão viajante Bernard Wiegandt revelou a primeira imagem pintada das Cataratas do Iguaçu, datada de 1878.

Módulo 9 – O Brasil Dos Brasileiros: A parte mais “moderna” da mostra traz elementos inacreditáveis da nossa cultura. O primeiro e único documento assinado por Tancredo Neves faz parte do rico acervo exposto no espaço final da exposição. Entre os livros expostos, vale o destaque para Mangue, publicado no Rio de Janeiro em 1943, com ilustrações de Lasar Segall e textos de Jorge de Lima, Mário de Andrade e Manuel Bandeira.

Como explicado e de fácil percepção, este autor ficou deslumbrado com o material oferecido e com a história tão pouco difundida do nosso país. É recomendado que os interessados reservem, pelo menos, uma hora e meia para andar, apreciar, ler e absorver parte do nosso país tão pouco conhecida. Quem puder, compareça!

Serviço – Exposição Brasiliana – Itaú Cultural

Local: Avenida Paulista 149, andares 4 e 5.

Funcionamento: de terça a sexta das 9hrs às 20hrs

sábados, domingos e feriados: das 11hrs às 20 hrs

Entrada Franca

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