A Estrada Que Criou o Bairro – A História do Sapopemba

Os bairros de São Paulo possuem, em sua essência, origens extremamente curiosas e, obviamente, históricas para a cidade. Com a região do Sapopemba, não é diferente.

A primeira nomenclatura “oficial” daquela região foi dada pelos imigrantes italianos que a conheciam como Monte Rosso, alcunha vinda da terra vermelha daquele local que era própria para a agricultura e fabricação de telhas e tijolos. Anos depois, a região “perderia” esse nome para o atual, Sapopemba.

Embora muitos historiadores divirjam sobre a nomenclatura, a mais aceita é que Sapopemba é uma palavra da língua tupi e é originário da árvore Sapopema, espécie comum na nossa floresta amazônica e que desenvolve raízes de até 2 metros de altura ao redor de seu próprio tronco. Vale a curiosidade que, uma árvore com essas características fica às margens de onde passa a avenida, no estacionamento do Mercado Municipal Antonio Gomes.

O Bairro e Uma Curiosidade Regional 

A história do bairro passa, obrigatoriamente, pela Avenida Sapopemba. É preciso entender que, na época em que a estrada surgiu, São Paulo era uma cidade pouco urbanizada e relativamente pequena. A pequena “Estrada de Sapopemba”, no século XIX, foi aberta para fazer a interligação entre sítios, chácaras e fazendas da região.

Para se ter uma ideia, por volta de 1880, a área construída de São Paulo não passava da atual Vila Gomes Cardim. Nessa época, a atual Vila Regente Feijó, onde nasce a Avenida Sapopemba, ainda não existia.

Contudo, a antiga Estrada de Sapopemba já estava presente no dia a dia dos moradores da cidade e da região. No começo do século XIX, por exemplo, existiam várias estradas consideradas “rurais” que ligavam a cidade de São Paulo a diversas outras localidades.

A “Estrada de Sorocaba”, atual Rua da Consolação, e a “Estrada de Jundiaí”, hoje trecho da Avenida São João e General Olímpio, são exemplos de antigas estradas que sofreram alterações em seus traçados e, principalmente, em seus nomes. Assim, a importância da Avenida Sapopemba cresce ainda mais: é uma das poucas avenidas da cidade de São Paulo que mantém seu traçado e nome originais.

O grande surto de urbanização pelo qual São Paulo passou no final do século XIX e no começo do século XX mudou muito a situação do bairro. Surgiram vários loteamentos entre a Mooca e o Tatuapé, como a Vila Formosa e a Vila Prudente que conservaram o traçado original da estrada, uma vez que era a melhor maneira para chegar ao centro vindo da Zona Leste.

Entre 1910 e 1930, surge ao redor da estrada, numa antiga gleba de terra conhecida como “Fazenda Sapopemba”, o atual bairro. Uma das grandes curiosidades históricas do bairro fica por conta de Nossa Senhora de Fátima, que teve uma linda imagem chegando à região, oriunda de Portugal, no ano de 1931.

Na época, foi formada uma procissão imensa que levou a imagem até Sapopemba. Anos depois, em homenagem à santa, foi erguido um santuário ao lado da antiga Igreja de São Roque. Por esse motivo, no mês de maio é realizada a tradicionalíssima festa de Nossa Senhora de Fátima.

Com a transformação da cidade, a estrada acabou perdendo sua característica rural e, para a revolta dos moradores, ficou com o nome de “Estrada de Sapopemba” durante muitos anos até que, a partir do ano de 1940, um grande movimento foi levantado para que a estrada virasse, de uma vez por todas, Avenida.

O autor do projeto de Lei que, de fato, nomeou a estrada como a conhecemos hoje, foi o vereador Jânio da Silva Quadros, em 1954, alegando que: “É absurda a denominação de “estrada” à verdadeira avenida de ligação, toda edificada, e da máxima importância social e comercial”.

No dia 3 de junho de 54, o próprio Jânio Quadros, já prefeito, sancionou a a Lei 4.484 que alterava o nome de “estrada” para “Avenida Sapopemba”. A partir dos anos 70, 80 e 90, várias obras são realizadas nesta avenida. Nos seus 26 quilômetros dentro do município de São Paulo, alguns trechos são de pista dupla, outros simples e, também existem trechos praticamente rurais.

Uma grande curiosidade que merecer ser registrada é com relação à continuação da estrada que, ao entrar nos municípios de Mauá e logo após em Ribeirão Pires, ela retoma  seu passado nome de “Estrada de Sapopemba”. Nesse sentido, o seu ponto final na Av. Francisco Monteiro, em Ribeirão Pires, está há exatos 29 quilômetros da Praça da Sé. Uma estrada intermunicipal!