O Engenheiro Cego De São Paulo: A História de José Marsillac

Um dos bairros mais afastados do centro, o Marsillac, homenageia um dos homens mais inteligentes que o Brasil já teve. Seu nome completo é José Alfredo Montes de Marsillac e era natural de Jundiaí. Nascido no ano de 1904, ele era filho do coronel Manoel de Marsillac Mota e de Maria Glória Montes.

O começo de seus estudos foi realizado em sua terra natal e, ao completar 12 anos de idade, acabou mudando para o Rio de Janeiro com o resto da família.

Por volta de 1916, Marsillac terminou o Ginásio e tinha condições de frequentar a faculdade, afinal, sua inteligência era superior a dos demais alunos. Apesar disso, ainda não possuía a idade mínima. Sabendo que possuíam um aluno superdotado, os professores decidiram que dariam um jeito para que ele prestasse os exames.

Devido às notas atingidas, não houve como frear o rapaz. A partir de então, Marsillac passou a estudar engenharia na Escola Politécnica do Rio de Janeiro e se formou com 19 anos. Pouco depois, em 1924, acabou se mudando para São Paulo onde arranjou seu primeiro emprego na área, na Estrada de Ferro Sorocabana. Ele foi designado para trabalhar no ramal Mairinque-Santos.

Enquanto trabalhava, Marsillac ainda teve tempo de orientar alguns projetos de obras em concreto armado, em uma época em que esse material era questionado para ser usado em pontes ferroviárias. Em 1929, Marsillac foi convidado a trabalhar na Companhia Paulista de Estradas de Ferro e acabou se mudando para Jundiaí. Pouco depois, a revolução de 32 começou. Devido à sua criação familiar, o engenheiro se alistou de maneira voluntária para os combates.

Marsillac foi um dos grande defensores do Túnel da Mantiqueira e, no dia 11 de setembro, sob um ataque inimigo, foi atingido por um estilhaço de granada e ficou praticamente cego. Restava apenas 5% da visão do olho esquerdo. Entretanto, para ele, essa limitação não seria o fim, mas um novo começo.

O engenheiro continuou a exercer sua função e desenvolveu diversos trabalhos de pesquisa técnico-científica nos campos da Engenharia Civil e no estudo de Resistência dos Materiais. Devido aos grandes serviços prestados, ele foi homenageado pela Estrada de Ferro Sorocabana, tendo seu nome dado a uma estação da linha Mairinque-Santos.

Atualmente essa estação se tornou o ponto de surgimento de uma ampla área da cidade. No começo ficou conhecido como “Engenheiro Marsillac”, mas depois a denominação “Marsilac” pegou.

O engenheiro faleceu no dia 11 de julho de 1985.