A Arquiteta Centenária – Lina Bo Bardi

Hoje, dia 5 de dezembro de 2014, é comemorado o centenário de Achillina Bo Bardi, arquiteta, designer, cenógrafa, editora e ilustradora que foi extremamente importante para a história da cidade de São Paulo.

Nascida na cidade de Roma, na Itália, em 1914, Lina Bo Bardi estudou desenho no Liceu Arístico e se formou em 1940 na consagrada Faculdade de Arquitetura da Universidade de Roma. A instituição, dirigida pelo famosos arquiteto Marcelo Piacentini (1881-1960) privilegiava uma tendência que Lina chamava de “Nostalgia Estilístico-Áulica”.

Lina Bo Bardi
Lina Bo Bardi

Após entender que estava em desacordo com a orientação valorizada pelo fascismo italiano, Bo Bardi se transferiu para Milão onde iniciou seus trabalhos com Gió Ponti (1891-1979), outro arquiteto. Ponti era o líder do movimento pela valorização do artesanato italiano e diretor das Trienais de Milão e da revista Domus.

Pouco tempo depois de se juntar a esse trabalho de valorização e conscientização da arte milanesa, Lina começou a dirigir a revista e atuar politicamente integrando a resistência à ocupação alemã durante a Segunda Guerra Mundial e colaborando com o Partido Comunista Italiano (PCI).

No ano de  1946, após o fim da guerra, casa-se com o crítico e historiador da arte Pietro Maria Bardi (1900-1999), com quem viaja para o Brasil – país no qual o casal decide se fixar, e que Lina chama de “minha pátria de escolha”.

No ano seguinte, 1947, Pietro Maria Bardi é convidado pelo jornalista Assis Chateaubriand (1892-1968) a fundar e dirigir o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp), em São Paulo.

Surge, então, a maior contribuição de Lina à cidade: ela projeta as instalações do museu, em que se destaca a cadeira dobrável de madeira e couro para o auditório, considerada “a primeira cadeira moderna do Brasil”.

Em 1948, funda com o arquiteto italiano Giancarlo Palanti (1906-1977) o Studio d’Arte Palma, voltado à produção manufatureira de móveis de madeira compensada e materiais “brasileiros populares”, como a chita e o couro.

Em 1951 projeta sua própria residência, no bairro do Morumbi, em São Paulo, apelidada de “casa de vidro”, e considerada uma obra paradigmática do racionalismo artístico no país. Ela também foi a responsável por projetar o prédio do Sesc Pompeia.

Sesc Pompeia

Esse papel de destaque se completa em 1957, quando inicia o projeto para a nova sede do Masp, na avenida Paulista (completado apenas em 1968), que mantém a praça-belvedere aberta no piso térreo, suspendendo o edifício com um arrojado vão de 70 metros. Ela também foi a responsável por projetar o prédio do Sesc Pompeia.

Em 1958, transfere-se para Salvador, convidada pelo governador Juracy Magalhães a dirigir o Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM/BA). Na capital baiana, realiza também o projeto de restauro do Solar do Unhão, um conjunto arquitetônico do século XVI tombado na década de 1940 pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Sphan).

No final da década de 1970 executou uma das obras mais paradigmáticas, o SESC Pompéia, que se tornou uma forte referência para a história da arquitetura na segunda metade do século XX.

Lina Bo Bardi acabaria falecendo em 1992 realizando o antigo sonho de morrer trabalhando, deixando inacabado o projeto de reforma da Prefeitura de São Paulo.

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