O Edifício Martinelli – Um dos Maiores Arranha-Céus de SP

A cidade de São Paulo já teve um lindo prédio com o título de “o maior arranha-céu” da metrópole.  O empreendimento, mais conhecido como Edifício Martinelli, foi o primeiro arranha-céu da cidade. Seu nome é uma homenagem a Giuseppe Martinelli, imigrante italiano que fez fortuna no Brasil. Construído entre os anos de 1925 e 1929 (data da sua inauguração com 12 andares), sua estrutura é composta por concreto armado e sólido. Ele possui 30 andares e cerca de 130 metros de altura, revelando uma mistura de estilos europeus que fazia muito sucesso na época.

Martinelli, na época da construção, em 1929
Martinelli, na época da construção, em 1929

Todo o cimento utilizado na sua construção era importado de países como Suécia e da Noruega pela própria casa importadora de Martinelli. Nas obras, trabalhavam mais de 600 operários e 90 artesãos, italianos e espanhóis, especialistas em cuidar do acabamento, que daria o belo aspecto que o edifício tem hoje.

Os detalhes da rica fachada foram desenhados pelos irmãos Lacombe, que mais tarde projetariam a entrada do túnel da av. 9 de Julho. Diversos imprevistos prolongaram as obras: as fundações abalaram um prédio vizinho – problema resolvido com a compra do prédio por Martinelli; os cálculos estruturais complexos levaram à importação de uma máquina de calcular Mercedes, da Alemanha.

O edifício Martinelli em 1933
O edifício Martinelli em 1933

Quando o prédio atingiu vinte e quatro andares, foi embargado, por não ter licença e desrespeitar as leis municipais – havia um grande debate na época sobre a conveniência ou não de se construir prédios altos na cidade. A questão foi parar nos tribunais e assumiu contornos políticos, sendo aproveitada pela oposição para fustigar Martinelli e a prefeitura municipal. E foi resolvida por uma comissão técnica que garantiu que o prédio era seguro e limitando a altura do prédio a 25 andares. O objetivo de Martinelli, contudo, era chegar aos 30 andares, e o fez construindo sua nova residência com cinco andares no topo do prédio – tal como Gustave Eiffel fizera no topo de sua torre. O arranha-céu tinha 1.267 dependências entre salões, apartamentos, restaurantes, cassinos, night clubs, o famoso Cine Rosário, barbearia, lojas, uma igreja e o luxuoso Hotel São Bento.

Em 1932, durante a Revolução Constitucionalista, chegou a abrigar em seus terraços, uma bateria de metralhadoras antiaéreas para defender São Paulo do ataque dos aviões do governo da República, que sobrevoavam a cidade ameaçando bombardeá-la. Em meados da década de 1950, o abandono e a ocupação desordenada, em decorrência do descaso das autoridades e da política habitacional, mudaram o aspecto do edifício. O Martinelli transformou-se em um grande cortiço ocupado por um número enorme de famílias.

Pressionada pela mobilização popular e pela imprensa, a Prefeitura de São Paulo desapropriou parte do prédio em 1975, e, através da Emurb e da Construtora Guarantã, iniciou obra de reforma. Quatro anos mais tarde, o Edifício Martinelli estava pronto, ocupado basicamente por escritórios, sendo dezoito andares de repartições públicas municipais e o restante de particulares.

Em 1992, o Martinelli foi finalmente tombado pelo Patrimônio Histórico: “Os elementos decorativos neoclássicos, a cobertura de ardósia com mansardas falsas, um palacete de três andares no terraço e a roupagem de tijolos recobrindo a estrutura de concreto. Tais elementos estão a indicar a persistência do gosto eclético na arquitetura paulista”, justifica a Resolução 37 do Compresp. A Operação Urbana Centro encaminha, atualmente, projetos e ações de restauração do prédio em parceria com a Associação dos Amigos do Prédio Martinelli.

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