O Quartel do centro de São Paulo: a história do Tabatinguera

O Parque Dom Pedro II, no centro de São Paulo, possui um edifício recheado de muitas histórias e que, infelizmente, está abandonado pelo poder público. Para quem nunca reparou, trata-se do 2º Batalhão de Guardas, com 8.400 metros quadrados, onde ainda é possível ver a seguinte frase: “Por aqui passaram os melhores soldados do Exército Brasileiro”. Segundo uma longa e esclarecedora matéria do Estadão, há o “boato” de que o prédio do 2º Batalhão de Guardas, popularmente conhecido como Quartel Tabatinguera, foi um presente de D. Pedro I a Domitila de Castro Canto e Mello, a histórica Marquesa de Santos.

O relato dá conta de que, quando chega à São Paulo, o imperador dormia por ali e, de vez em quando, se encontrava com a amante por ali. Vale dizer que são apenas “estórias”, sem comprovação histórica de que aconteceu algum encontro por lá. Apesar de tudo, o folclore paulistano ainda persiste nesse edifício.

A história mais “real”, dá conta de que no local onde hoje está o quartel, havia a a chamada Chácara do Fonseca, período em que foi construído o primeiro corpo da edificação principal, em taipa de pilão, tabique e pau-a-pique. Ao longo das décadas, o edifício principal ganhou novos corpos laterais, em diferentes técnicas construtivas, para permitir os novos usos que foram dados à construção: Convento das Irmãs Duarte (1852), Seminário de Educandos (1860), Seminário de Educandas (1861) e Hospício dos Alienados (entre 1862 e 1905), no qual morreu o poeta Paulo Eiró (1871), referência de Santo Amaro. A partir de 1905, a edificação foi adaptada para receber o quartel e o almoxarifado da Força Pública.

Com a chegada de 1964 e a intervenção militar, o edifício foi tomado pelo Exército e teve várias denominações. Inicialmente foi a sede da 7ª Companhia de Guarda e, depois, o 2º Batalhão de Guardas, sendo a sede de 900 homens até 1992. Em 1995, quando o quartel foi ocupado pelo 3º Batalhão da Polícia de Choque do Estado de São Paulo, o processo de degradação começou. O imóvel foi tombado em 1981 pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) e, dez anos depois, pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp). Em 2012, o governo do Estado anunciou que o antigo quartel seria transformado em Museu Histórico da Polícia Militar e Fábrica de Cultura. A estimativa então era entregar a obra, que não foi adiante, em 2015. A ideia mais recente prevê que o espaço receba um batalhão da Polícia Militar.

Registro do abandono do quartel, no centro de São Paulo. Crédito: José Luis da Conceição/Governo do Estado de SP

Durante sua história, teve as seguintes denominações:

1765 – Chácara do Fontoura
1852 – Convento Irmãos Duarte
1855 – Cônego do Monte Carmelo
1859 – Governo Provincial
1860 – Seminário de Educandos
1861 – Seminário de Educandas
1862 – Hospício de Alienados
1896 – Quartel da Guarda Cívica da Força Pública
1930 – Quartel do 6.º e 7.º Batalhões de Caçadores da FP
1932 – Ocupado pelo Exército
1964 – 7.ª Cia de Guardas
1970 – 2.º Batalhão de Guardas
1996 – 3.º Batalhão de Choque da Polícia Militar

Referências: https://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,quartel-historico-no-centro-esta-abandonado,538077
https://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,quartel-historico-do-seculo-18-esta-em-ruinas-no-centro-de-sp,70002519279
http://www.saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/ultimas-noticias/sp-anuncia-recuperacao-do-quartel-do-parque-dom-pedro-ii-1/
http://memoriasdeumveterano.blogspot.com/2014/08/quartel-do-glicerio.html