Os Prédios Gêmeos de São Paulo – Uma Obra Do Conde Prates

Os primeiros donos de veículos, preocupados com sua segurança e com a crescente multiplicação dos motorizados, decidiram se reunir no palacete Martinico, (praça Antônio Prado, entre as esquinas da rua de São Bento e João Brícola) para fundar o Automóvel Clube de São Paulo, no dia 11 de junho de 1908.

Na reunião, estava a alta elite da sociedade paulistana: Alexandre Mendonça, Antônio Prado Júnior, Antônio de Pádua Sales, Clóvis Glicério, Edgar Conceição, José Paulino Nogueira Filho, Numa de Oliveira, Paulo Prado, Plínio Prado e Sílvio Penteado. Além destes, mandaram representantes: o Conselheiro Antonio Prado, o Conde Álvares Penteado, Francisco da Cunha Bueno, Cel. Joaquim da Cunha Bueno.

A finalidade do “clube” era, inicialmente, nobre. Eles queriam promover o automobilismo como esporte, conservar as estradas antigas e fiscalizar a construção de novas além de promover novas corridas automobilísticas. Durante muitos anos, o Automóvel Clube teve um prédio icônico junto ao Viaduto do Chá. Alguns metros abaixo, havia outra construção de idênticas características. E aí mora toda a curiosidade e simpatia desses edifício do Automóvel Clube.

Na época, o centro da cidade passava por um processo de modernização, e os prédios “gêmeos” representaram a colaboração de Silva Prates para as reformas. Esse processo foi conduzido pelo Barão de Duprat e três grandes construções floresceram primariamente que foram os Palacetes Prates.

Construção dos palacetes gêmeos do Conde de Prates, na década de 1900.

A razão deste nome no conjunto de edificações foi porque Eduardo da Silva Prates, nomeado o primeiro conde de Prates (SP 8/11/1860 a 22/03/1928), era um negociante paulista, dedicado aos ramos imobiliário, bancário e férreo. Também era um dos maiores proprietários da parte central da cidade, a tal ponto que tanto a municipalidade quanto o governo estadua, encontraram nele uma alavanca para a realização da modernização do centro de São Paulo,

Sua maior contribuição foi nas negociações para que o solar dos Barões de Itapetininga (uma imensa chácara), existente nesta rua, fosse doada para o município e assim transformar-se no Parque do Anhangabaú. Ele também ajudava financeiramente muitas instituições, tais como a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, um orfanato chamado Cristóvão Colombo, a Igreja Santo Antônio e o Liceu Sagrado Coração de Jesus.

Imagem da construção dos palacetes do Conde de Prates na década de 10 do século passado.

O Conde Prates sempre desdenhou qualquer prêmio político que lhe fosse oferecido por benemerência. Faleceu em São Paulo a 22 de março de 1928. Homem de muitas posses, ele não economizou dinheiro na empreitada. Trouxe da França todo o material necessário à construção dos palacetes, sempre em estilo francês.

Os prédios “gêmeos” foram projetados pelo engenheiro agrônomo baiano Samuel das Neves e por seu filho, o arquiteto formado na Universidade da Filadélfia Cristiano das Neves (o mesmo da Estação Sorocabana/Júlio Prestes). O primeiro dos prédios para quem vinha da Avenida São João em direção ao viaduto do Chá ( Rua Líbero Badaró, 377) funcionou por muitos anos. Até o ano de 1951, a sede da Prefeitura Municipal de São Paulo ficava lá junto com o espaço da Câmara Municipal.

Palacete Prates em 1937.

Após a saída da prefeitura do edifício, a Câmara assumiu o prédio todo dando-lhe o nome de Palacete Anchieta. Apesar de seu valor histórico e arquitetônico, o primeiro pavilhão foi demolido no início dos anos 50 para a construção do edifício Conde de Prates. O segundo edifício foi demolido em 1969 em seu lugar foi construído o Edifício Grande São Paulo e o terceiro e último edifício do Conde Prates, o palacete do Hotel, foi demolido para a construção do Edifício Matarazzo.