O Mártir Desconhecido – Uma Breve Lembrança de Paulo Virgílio

Um dos mais covardes acontecimentos que compõe a Revolução de 32 aconteceu com o lavrador Paulo Virgílio, natural da cidade de Cunha, no interior do estado de São Paulo.

Durante o conflito, no em um bairro conhecido como Taboão, na mesma cidade, Virgílio teve dois encontros que selariam seu destino. Em um primeiro momento, avistou os soldados da Força Paulista, que se deslocavam para o interior do estado. Logo após ver a resistência, encontrou com as forças da Patrulha Federal, composta por um sargento e cinco subalternos que possuíam a missão de chegar à São Paulo através do Vale do Paraíba.

Após muito pensar, o tenente conclui que Paulo Virgílio deveria o saber o rumo e a distância dos rebeldes constitucionalistas. Sem ao menos negar essa possibilidade, Virgílio se nega a falar qualquer coisa aos tenentistas. A partir de então, o paulista sofreria.

Ele foi agredido, torturado, queimado com água quente e, em um momento de humilhação máxima, obrigado a cavar a própria sepultura. Os tenentistas ainda “oferecem” uma última chance ao caboclo para que entregue os constitucionalistas, mas ele nega e é fuzilado com 18 tiros nas costas.

Alegoria a Paulo Virgílio, em óleo sobre tela pelo artista cachoeirense Nelson Lorena. Do acervo da Família Lorena.

A história conta que, momentos antes de sua morte, um dos “praças” encostou um fuzil na cabeça de Virgílio e, com deboche, perguntou O que você é ?”, o que Paulo Virgílio respondeu: “ sou Paulista “ , e o praça falou: “ Não! Se você for carioca não morre. “ Paulo Virgílio respondeu:  “EU MORRO,MAS SOU PAULISTA.” Foram repetidas as perguntas, e ele afirmou: “MORRO, MAS SÃO PAULO VENCE !”.

Nessa mesma data, a Força Paulista conseguia vencer uma dura batalha contra os fuzileiros navais governistas, o que impediu o avanço do batalhão rumo à capital. Nesse confronto, morreram oito fuzileiros que foram sepultados em Cunha, onde, mais tarde, Paulo Virgílio descansaria em paz.

Anos depois, seus restos mortais receberiam uma grande e merecida homenagem, sendo sepultados no Mausoléu do Obelisco de São Paulo, no Ibirapuera, ao lado do túmulo do “HERÓI JACENTE” que abriga os despojos dos Heróis da Revolução.

Em sua homenagem, o poder público colocou seu nome no primeiro trecho de quarenta e cinco quilômetros da Rodovia SP-171, Rodovia Paulo Virgílio, que liga as cidades de Guaratinguetá a Cunha. Também foi construído um monumento à sua memória na entrada de Cunha pela divisa com Paraty, onde está escrito: “ELE CAIU PARA QUE PUDESSEMOS PERMANECER DE PÉ”.