A linda Pinacoteca da cidade de São Paulo é o mais antigo museu de artes plásticas de todo o Estado. Inaugurada em 1905 e transformada em museu estadual no ano de 1911, ela foi uma novidade sem precedentes na cidade.

Na época, não existiam salões públicos para que as pessoas pudessem aproveitar as obras de arte ou ter qualquer conhecimento desse segmento.  Funcionando na Avenida Tiradentes, no Jardim da Luz, centro da cidade de São Paulo, o lindo prédio foi projetado por, sempre ele, Ramos de Azevedo, entre os anos de 1896 e 1900.

A história da Pinacoteca se confunde com a do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo (Laosp), fundado em 1873 por Leôncio de Carvalho como Sociedade Propagadora da Instrução Popular, uma associação educacional privada destinada às classes trabalhadoras do campo e da cidade.

Após uma grande reforma na sua grade curricular e sucessivos apoios do Estado, a Sociedade passou a se chamar Liceu de Artes e Ofícios no ano de 1882. O objetivo era ministrar gratuitamente ao povo os conhecimentos necessários às artes, ao comércio, à lavoura e às indústrias.

Projeto do Liceu de Artes e Ofícios

Contudo, é em 1895, quando o famoso engenheiro e arquiteto Francisco de Paula Ramos de Azevedo assume a diretoria a escola conhece uma grande reforma. Ele iniciou a constrção de um novo edíficio, parcialmente concluído em 1900, e começou a criar as bases para uma “futura Escola de Belas Artes de São Paulo”. O prédio, projetado por Ramos de Azevedo e Domiciano Rossi, seu principal colaborador, tem estilo monumental em forte consonância com os princípios do neo-renascentismo italiano.

A criação de um museu, no interior do Liceu, acabou por alterar sua aparência.  Concebida, a princípio, para ser uma galeria, a Pinacoteca foi fundada pelo poeta Freitas Valle, pelo político Sampaio Vianna, pelo engenheiro Adolpho Pinto e por Ramos de Azevedo, que dirigiu o Liceu e a Pinacoteca de 1905 a 1921.

Logo após sua fundação, foram organizadas a 1ª e a 2ª Exposições Brasileiras de Belas Artes (1911 e 1912), a Exposição de Arte Espanhola (1911) e a Exposição de Arte Francesa (1913), além de algumas mostras individuais (por exemplo, as de Aurélio de Figueiredo e de Pedro Alexandrino em 1912).

O acervo inicial do museu contava com 59 obras de artistas consagrados do Rio e de São Paulo – entre os quais Antônio Parreiras (1860-1937), Benedito Calixto (1853-1927), Baptista da Costa (1865-1926), Oscar Pereira da Silva (1867 – 1939) e Almeida Júnior (1850-1899) – parte delas pertencentes ao acervo do Museu Paulista da Universidade de São Paulo (MP/USP) e transferidas à Pinacoteca.

Até os anos de 1930, esse acervo foi ampliado em função de doações privadas e aquisições do Estado. Obras dos artistas pensionistas no exterior – por exemplo, Victor Brecheret (1894-1955), Anita Malfatti (1889-1964), Wasth Rodrigues (1891 – 1975), entre outros -, passam a integrar a coleção do museu, de acordo com as regras do Pensionato Artístico de São Paulo.

Com a criação do Salão Paulista de Belas Artes, em 1934 as obras contempladas com o “prêmio aquisição” passam à Pinacoteca.

O incêndio de 1930, bem como as revoltas políticas de 1930 e a Revolução Constitucionalista de 1932 obrigaram o museu a fazer as vezes de quartel improvisado – deixam a Pinacoteca fechada por dois anos.

Sua reabertura se deu na antiga sede da Imprensa Oficial do Estado, onde permanece até 1947, quando retornou ao edifício do Liceu.

Entre os anos de 1932 e 1935, a Pinacoteca funcionou sob o controle da Escola de Belas Artes, que passa a se responsabilizar pelo museu. A vinculação com a Escola de Belas Artes e as sucessivas gestões de Paulo Vergueiro Leão (de 1932 a 1944) e a de Mugnaini (1895-1975) (de 1944 a 1965) mantêm a Pinacoteca relativamente distante dos movimentos de renovação artística do início do século XX e dos demais museus de artes criados na década de 1940 (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp) e Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP)).

Em todo esse período ela seguiu sua vocação inicial de formação de um acervo com obras acadêmicas. É nos anos 70, nas gestões de Delmiro Gonçalves, Clóvis Graciano (1907-1988) e Walter Wey, que tem início uma série de reformas do prédio e é quando mudam, também, os critérios de escolha das obras, definidos, a partir de 1970, pelo Conselho de Orientação Artística da Pinacoteca.

O espaço do edifício da Praça da Luz é compartilhado pela Pinacoteca e pela Escola de Belas Artes até os anos 1980. Na década de 1960, o prédio abrigava também a Escola de Arte Dramática. Foi somente em 1982 – quando o prédio foi tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) -, que o museu passou a contar com um espaço exclusivo.

A Pinacoteca possuí um acervo variado de arte brasileira de todos os tempos, mas que tem sua importância reconhecida em função da significativa coleção de artistas nacionais do século XIX.

A última reforma que a Pinacoteca sofreu foi  realizada na década de 1990, durante a gestão de Emanoel Araújo como diretor da instituição, a partir de um projeto de recuperação do prédio assinado pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha.

A reforma integra, de modo mais evidente, o museu ao Parque da Luz, também recuperado e que passou a funcionar como um museu de esculturas ao ar livre.

Com um acervo definido como “uma coleção de arte brasileira” – um de seus traços distintivos -, a Pinacoteca conta com cerca de 5.000 obras, predominantemente de artistas nacionais do século XIX.

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