Pouca gente sabe, mas a Galeria do Rock, localizada na Rua 24 de maio, fica alocada em um prédio chamado de “Shopping Center Grandes Galerias”. Projetado na década de 50 pelo arquiteto Alfredo Mathias ele foi inaugurado no ano de 1963, sem o conceito de rock que hoje domina o edifício.

O espaço era tomado por mais de cem alfaiates, sapateiros, entre outros prestadores de serviço e era um local para adquirir roupas finas, de bom gosto e feitas sob medida. Mas os alfaiates começaram a procurar outros lugares para oferecer seus serviços.

No ano de 1976, depois de perder grandes lojas e nomes conceituados da moda da época para as regiões sul e oeste da cidade, e passar quase meia década vazia, a galeria ganharia sua primeira loja punk: a Wop Bop.

O dono não era ninguém menos do que o vocalista da banda Olho Seco, Fábio Sampaio. Durante algum tempo, a administração do prédio tinha problemas em admitir tribos que ouviam sons muito pesados e proibiu a abertura de lojas com temas ligados ao rock n’ roll.

Somente no ano de 1993, com a chegada do lendário Toninho, que administra o prédio até hoje, que o rock cresceu e se tornou soberano dentro da galeria. Atualmente são 450 lojas, sendo 218 delas voltadas ao público rock n’ roll, motivo que tornou a Galeria do Rock conhecida no mundo inteiro e que pode colocá-la no Guiness Book (livros dos recordes) como o local com a maior concentração de estabelecimentos dedicados ao estilo musical.

Figuras ilustres como Bruce Dickinson (vocalista do Iron Maiden), Kurt Cobain (ex-vocalista do Nirvana), Raul Seixas e o grupo Sepultura já passaram por lá.

Mas, apesar do nome, a galeria não é só reduto de roqueiros. A diversidade marca presença no espaço reunindo tribos como rap, hip hop, MPB, hardcore, blues e jazz. Também há espaço para estúdios de tatuagem, lojas de acessórios em geral (piercings, pulseiras, brincos e etc), conserto de máquinas fotográficas  e até lojas de skate e surf.

Com uma média de 5 mil pessoas circulando diariamente por seus quatro andares, a Galeria do Rock se tornou um dos símbolos de democracia cultural da cidade de São Paulo. Um exemplo de espaço onde as tribos urbanas convivem de forma pacífica, contribuindo para a quebra de preconceitos. Sem dúvida é parada obrigatória para quem quer conhecer um pouco mais da cidade.

9 Comments

  1. Me lembro no início dos anos 90, quando era office-boy no centro de SP, já tinha lojas de vendas de discos, daí começaram a se especializar mais no tema rock’roll.

    1. Frequentei muito a Galeria do Rock nos anos 1985 e 86, era Raulseixista de carteirinha. Todos os sábados a tarde estava eu lá, curtindo este espaço com diversas tribos. Roqueiros, punks, tudo em uma harmonia muito boa. Tenho saudades destes tempos.

  2. Estive lá recentemente para mostrar para minhas filhas um pouco da cultura RAP, e Hip Hop, e fiquei decepcionado com o que vi. Confesso que até chorei. Não existe mais lojas de discos, na verdade vi uma, Nostalgia. Frequentei muito ali nos anos 90. E fiquei muito triste no que se transformou aquele lugar. De galeria, há um shopping com lojas modernas que já estamos cansados de ver. Lamentável.

  3. Tem alguma coisa errada nesse texto: se “Somente no ano de 1993, (…) que o rock cresceu e se tornou soberano dentro da galeria”, como é que “Figuras ilustres como (…) Raul Seixas e o grupo Sepultura já passaram por lá” ?

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