O Jabaquara – O Bairro de Rochas e Buracos

A estação de Metrô Jabaquara recebe esse nome em homenagem ao bairro na qual está inserida. A origem de sua denominação vem do idioma tupi-guarani “YAB-A-QUAR-A” e significa, literalmente, rocha e buraco. Na época da escravidão, era uma mata deserta que servia de abrigo para os escravos fugidos e pertencia a uma das inúmeras sesmarias do Padre José de Anchieta, da Companhia de Jesus.

Até o início do século XVII, o local servia como ponto de descanso para viajantes que tinham como destino a região de Santo Amaro e a Borda do Campo. Foi nessa época que a história do bairro começou a mudar.

Fazendeiros e sitiantes começaram a chegar à região para abrir estabelecimentos agrícolas e comerciais. No fim do século XIX, a região se popularizou de vez com a instalação, por parte da Prefeitura de São Paulo, do Parque do Jabaquara. A chegada das linhas de bonde, em 1930 e a inauguração do Aeroporto de Congonhas, em 1940, alavancaram o desenvolvimento do bairro.

Mas o maior acontecimento se realizaria no mesmo ano. A pedido do arcebispo metropolitano Dom José Gastar Afonso e Silva, foi construída a Paróquia São Judas Tadeu. A devoção ao padroeiro do bairro trouxe novos moradores e motivou os antigos habitantes.

Registro da Avenida Jabaquara em 1928.

Atualmente, a Paróquia de São Judas conta com duas igrejas e recebe cerca de 250 mil fiéis no dia 28 de outubro (dia do santo), 80 mil pessoas nos dias 28 de cada mês e 10 mil em dias normais.

Dentre as famílias mais importantes da região, duas merecem grande destaque: os Rocha Miranda e os Cantarella. Esta última ficou famosa por ser dona do famoso Sítio da Ressaca, que fica ao lado do Centro Cultural do bairro. A Casa do Sítio da Ressaca é um dos pontos históricos da região. Seu nome vem de um córrego ao lado que depois chamou-se Córrego do Barreiro.

A construção do sítio é do século XVII, como está escrito nas portas das principais residências. O local foi tombado em 1972. A restauração foi feita em 1978 e retomada em 1986, após um incêndio.

No mesmo local está o Acervo da Memória e do Viver Afro-Brasileiro, que reúne objetos referentes à presença dos negros em São Paulo. O Sítio da Ressaca está aberto diariamente para visitação ao lado do Centro Cultural do Jabaquara.

A casa mais famosa da região era a “Chácara das Mimosas”, cujo dono era o grande cirurgião Luiz do Rego. Sua propriedade era coberta das mais diversas espécies de plantas e também muitas essências nobres no Brasil, como as acácias e flores miúdas e amarelas envoltas em pólen. Outra propriedade famosa que fez história no bairro foi a Ibiraparaó, que em tupi-guarani quer dizer “Casa dos Arcos”.

Alguns anos depois, muita gente se mudou do Jabaquara e os novos proprietários passaram a relotear a terra em metragens cada vez menores. Depois que o dono morreu, a Chácara das Mimosas desapareceu e transformou-se no antigo Parque do Jabaquara. As outras chácaras que foram tombadas viraram bairros e levaram o nome de seus donos, como a Cidade Vargas e Cidade Ademar.

Uma curiosidade da região é que a maioria das ruas leva o nome de árvores que existiam nas casas coloniais.

É o caso das ruas Buritis, Jatobás, Jequitibás, Grumixamas e Casuarinas. Essas ruas pertenciam a uma só fazenda. Seus donos protegiam os escravos fugitivos de outras fazendas e ao longo dos anos a região ficou coberta por um cemitério de escravos.

O bairro é relativamente novo e como curiosidade, existe uma divergência com relação sobre sua data de aniversário.

No arquivo da Biblioteca Paulo Duarte, que funciona no Centro Cultural Jabaquara, há um decreto publicado no Diário Oficial do Estado de 17 de janeiro de 1964 criando o Subdistrito do Jabaquara. Mas os dados do Arquivo Histórico Municipal registram a emancipação em 28 de fevereiro de 1964.

A inauguração da estação do Metrô, em 1974, também contribuiu muito para o desenvolvimento do bairro. Ela, juntamente com a rodoviária, representam um grande canal de transição entre o litoral do estado e a cidade de São Paulo.