O pintor-paisagista de São Paulo: a história de Burle Marx

Um dos nomes mais famosos do paisagismo brasileiro, Roberto Burle Marx nasceu na cidade de São Paulo. Filho de Cecília Burle e Wilhem Marx, Roberto tem um parentesco distante com Karl Marx, afinal, este era primo de seu avô. Durante sua infância, Roberto Burle Marx viveu na Avenida Paulista e, desde muito cedo, teve contato com plantas e, com o passar do tempo, descobriu que possuía um talento natural para preparar canteiros de maneira artística. Aos 19 anos o nosso personagem teve um problema na vista e sua família, em busca de tratamento, se mudou para a Alemanha.

A viagem fez bem a Roberto que, na Europa, teve contato com as vanguardas artísticas da época e ficou fascinado, vejam só, com a vegetação brasileira em uma estufa do Jardim Botânico de Dahlem, o mais antigo da Alemanha, que fica Berlim.

Entretanto, o artista descobriu que gostava muito, também, da figura humana e passou a estudar pintura, no ateliê de Degner Klemn, sem nunca deixar de visitar o Jardim Botânico daquele país. Quando voltou ao Brasil, na década de 30, passou a frequentar a Faculdade de Belas Artes do Rio de Janeiro.

Seu estilo de pintura, que foi elaborado entre o fim dos anos 20 e a década de 40, foi caracterizada por especialistas como expressionista, com ordenação de figuras, formas estilizadas ou simplificadas e cores intensas.

Na década de 40, Burle Marx passou a se interessar pela pintura pré-cubista e cubista de Cézanne, Picasso, Braque, Léger, Gris, Lhote, entre outros. Mesmo sem educação formal em arquitetura paisagística, o aprendizado de Burle Marx na pintura influenciou a criação de seus jardins.

Conhecido por sua preocupação ambiental e pela preocupação com a preservação da flora brasileira, Roberto inovou ao usar plantas nativas do Brasil em suas criações e isso se tornou uma característica marcante. Afinal, foi ele quem valorizou as bromélias, por exemplo, e as tornou populares. Hoje, plantas naturais da Mata Atlântica se tornaram conhecidas e são cultivadas em viveiros para serem vendidas. Por esse motivo, o “estilo Burle Marx” tornou-se sinônimo do paisagismo brasileiro no mundo.

Seu primeiro projeto paisagístico foi o jardim de uma casa desenhada pelos arquitetos Lucio Costa e Gregory Warchavchik, em 1932. Foi também nesse período que realizou o paisagismo da Chácara Tangará, na época propriedade do empresário Baby Pignatari, e que posteriormente se tornaria o Parque Burle Marx, em São Paulo.

A partir de então ele não parou mais de projetar paisagens, pintar e desenhar, e em 1949 comprou uma área de 365.000 m² em Barra de Guaratiba, litoral do Rio de Janeiro, onde começou a organizar sua enorme coleção de plantas. Na década de 50 projetou os jardins do parque do Ibirapuera em São Paulo. Em 1955 também fundou sua própria empresa, a Burle Marx & Cia Ltda., pela qual passou a fazer seus projetos e oferecer manutenção.

Em 1970, criou os calçadões do aterro de Copacabana, equilíbrio perfeito entre natureza e funcionalidade. Foi no Rio de Janeiro também que outras grandes obras suas estão em destaque como a reurbanização da lagoa Rodrigo de Freitas e o Museu de Arte Moderna (1955).

Em 1985, essa propriedade foi doada à Fundação Pró-Memória Nacional, entidade cultural do governo federal que atualmente se chama Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Hoje em dia é possível encontrar um jardim ou uma estufa projetada por Roberto Burle Marx em várias partes do mundo, como em Longwood Gardens (Filadélfia), no aterro do Flamengo (Rio de Janeiro) e em Caracas (Venezuela).

Faleceu aos 84 anos de idade em seu sítio, vítima de câncer no abdômen. Seu caixão foi ornamentado com orquídeas colhidas em seu jardim.

Referências: http://parqueburlemarx.com.br/noticias/2013/9/20/um-pouco-de-roberto-burle-marx

http://acervo.estadao.com.br/noticias/personalidades,burle-marx,639,0.htm

http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa1461/burle-marx