O Rio de Muitas Voltas – Um Breve Histórico do Tamanduateí

A cidade de São Paulo é rica em sua geografia. Temos grandes picos como o Jaraguá, parques como o da Cantareira e do Ibirapuera e rios muito famosos como: Tietê, Pinheiros e Tamanduateí. O relato de hoje, especificamente, fala sobre esse último rio. Seu nome, em sua língua de origem, o tupi, quer dizer “rio de muitas voltas”. E seu caminho original é fiel ao nome que os índios lhe concederam.

Para compreender essa denominação é preciso imaginar que a região onde fica, hoje, a Avenida São João e o Vale do Anhangabaú faziam parte de uma curva de sete voltas antes de se encontrar com o seu afluente mais importante: o Rio Anhangabaú, que na língua nativa quer dizer “Rio do Mau Espírito”. Vale o destaque que, alguns estudiosos, também consideram que Tamanduateí tem o significado de “rio do tamanduá verdadeiro”. Não encontrarmos referências significativas que defina um ou outro nome e, portanto, fica a curiosidade dos dois possíveis significados.

Registro de 1862 com o Pateo do Colégio no alto e Rio Tamanduateí na parte inferior da foto.

As casas cujos fundos abriam-se para o Rio Tamanduateí tinham escadarias onde os moradores atracavam seus barcos e pescavam. No fim da Ladeira Porto Geral, antigo Beco das Barbas, existiu de fato um porto – daí o nome da rua -, que resistiu até o início do século XX, quando o prefeito Antônio Prado mudou o curso do rio e o reduziu a um estreito canal.

Um exemplo disso é que os monges beneditinos acabaram por instalar em São Caetano do Sul a primeira indústria de cerâmica, que produzia telhas, tijolos, ladrilhos e azulejos. O local favorecia tanto a utilização de água quanto o transporte da produção pelo rio. A partir daí, outras indústrias também se instalaram na região.

O Rio Tamanduateí correndo ao lado da Rua 25 de Março; ao fundo, o mosteiro de São Bento. Foto de Militão Augusto de Azevedo, em 1862.

Apesar de todas as interferências do homem, o Tamanduateí parece ter vida própria. Apesar de canalizado e duramente poluído pelas ações do homem, o rio resiste. Em épocas de chuva, quando busca em alta velocidade o Tietê, ele é impiedoso. Sem ter para onde ir, ele enche e invade a Avenida do Estado que corre ao seu lado.

Ponte metálica sobre o Tamanduateí em 1900. Esse local ficava no aterro do Brás.

O Tamanduateí possuía 43 afluentes que deram origem a bairros, vilas e cidades, como o Ipiranga, a Mooca e a Pedra Branca. Atualmente a maioria desses córregos encontra-se total ou parcialmente canalizada e transformada em canais coletores de esgoto; o próprio rio tornou-se o maior canal de esgoto a céu aberto do ABC paulista.

Rio Tamanduateí em 1942.

Referências: http://acervo.estadao.com.br/noticias/lugares,rio-tamanduatei,8349,0.htm

http://www.dgabc.com.br/(X(1)S(1xwnrwep3pgsukcbc55ieu4a))/Noticia/1385901/a-vida-e-a-morte-do-rio-tamanduatei