A história do Salada Paulista e sua relação com o sanduíche americano

É difícil manter uma tradição ou fazer um “causo” continuar vivo. Mas o desafio de hoje é o de ter pelo menos um registro do Salada Paulista na São Paulo In Foco. E farei isso baseado em alguns recortes e depoimentos que pude apurar.

O compartilhamento de um seguidor em nosso grupo do Facebook me deu a ideia deste texto. Se algum leitor puder compartilhar outras experiências do local, será muito bem vindo. Vamos nessa. A história do Salada Paulista começa por volta dos anos 20, quando Anna e Fritz Kinzel fundam o restaurante no Centro de São Paulo.

Inicialmente o restaurante ficava na Rua Dom Jose de Barros, migrando depois para a Rua 24 de Maio e, na década de 50, se estabelecendo na tradicional Avenida Ipiranga.

A decoração do restaurante era simples: banquetas eram praticamente nulas, mesas eram poucas e a graça era a de comer no balcão do Salada Paulista.

Interior do restaurante Salada Paulista. Imagem sem data.

Diversos quitutes eram procurados: o chamado chope Bandeirante, um copo de 300 ml com colarinho servido “na medida”, os salgados com a mostarda da casa (alguns dizem ser uma dos melhores molhos que já circularam pela cidade), a “dupla” ( 2 salsichas Sto Amaro cozidas à perfeição com um cone de salada de batata no meio) e, claro, o sanduíche americano.

Há o boato, a história que na década de 40, poucos anos depois que o Ponto Chic começou a comercializar o famoso Bauru, o Salada Paulista começou a perder clientes. Para “combater” essa nova febre na cidade, a lanchonete adaptou um de seus lanches, o “misto quente” (que também dizem ter sido criado nesse mesmo lugar) acrescentando alface, ovo e bacon.

O nome “americano”, portanto, foi dado devido ao ingresso desses dois ingredientes que são consumidos, tradicionalmente, pelos americanos. Com o passar dos anos, o americano foi adaptado e o bacon foi retirado da receita.

Outra curiosidade do restaurante era a seguinte: quando um cliente terminava sua refeição, o atendente realizava a soma da conta em uma pedra de mármore branca, que era meio balcão, meio espaço de trabalho dos chapeiros, garçons, etc. Após a comunicação do valor a ser pago, a conta era apagada esfregando um pano úmido no local, deixando o espaço pronto para a próxima cobrança.

O frequentador, então, pagava a conta e, ao deixar uma caixinha, o funcionário que recebia o valor gritava bem alto: CAIXINHA, ao que os outros colaboradores do Salada Paulista respondiam: OBRIGADO!

O lugar fechou as portas em 1979. Há relatos de que esse fechamento foi um processo conturbado, especialmente pela morte de um dos fundadores do Salada Paulista. Foi um restaurante com grande peso histórico para a gastronomia de São Paulo, mas que acaba “esquecido” e que vive nas memórias de quem o frequentou.

Se você que ler esse breve relato tiver fotos do espaço e quiser compartilhar sinta-se à vontade para nos enviar um email ou deixar uma mensagem na página do Facebook.

Fontes: São Paulo Minha Cidade e Revista Super Interessante.